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18 de Janeiro de 2012 | Entrevistas | Soberania alimentar
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Entrevista com o coordenador da revista Soberania Alimentaria, Biodiversidade e Culturas, Gustavo Duch, em Barcelona sobre a realidade alimentar na Europa em uma conjuntura de crise e a leitura de um relato que explica este conceito há quinze anos de seu nascimento.
“O conceito de Soberania Alimentar é absolutamente político”, diz o escritor e ativista Gustavo Duch em entrevista com Rádio Mundo Real.
“Há uma consciência muito importante sobre a Soberania Alimentar nas organizações agrárias, camponesas e ecologistas do Estado espanhol e também em nível de consumidores e consumidoras que passam de entender a alimentação como questão meramente nutritiva, a incluir tudo o que estar por trás do que comemos”, indica.
Além de coordenar a revista antes mencionada, Gustavo é colunista habitual em jornais da Europa e da América Latina, sobre temas como a vida rural camponesa e a alimentação, o comércio de alimentos e as políticas agropecuárias públicas. Seu blog (Palabre-ando) é atualizado constantemente, assim como sua presença em redes sociales e conferências de movimentos sociais.
Gustavo publicou vários livros sobre estes temas onde combina análises político com depoimentos e narração literária, desenvolvendo com simpleza alguns temas importantes e complexos da atualidade, como o que comemos, quem produz e como são produzidos esses alimentos.
Dentre seus livros estão: “Con los Pies en la Tierra”, “Lo que hay que tragar”, “Alimentos bajo sospecha” e o mais recente: “Sin lavarse las manos”, um livro que ele define como de “contos-protestos”.
A crise europeia e especialmente na Espanha, onde os níveis de desocupação superam 25% da população economicamente ativa tem gerado, diz Gustavo, uma busca no campo de “outro modelo econômico”, revalorizando a ruralidade a partir do conceito de Soberania Alimentar. “Europa e Espanha têm renunciado ao setor primário, portanto essa pirâmide em que se deveria sustentar o tecido econômico com uma boa base na produção de algo tão importante como os alimentos ficou reduzido praticamente a nada. Voltar a construir uma economia com futuro, sobre a materialidade e não somente especulativa passa por ruralizar a economia e “camponisar” o território espanhol. Isso precisa da Soberania Alimentar como uma luta para deter o avanço do capital mas também como referência, como proposta de futuro”.
Precisamente, em uma recente coluna publicada em La Jornada de México, Gustavo desenvolve a ideia de que, atualmente, o conceito de Soberania Alimentar tem abandonado os formatos que lhe fizeram surgir há quinze anos atrás para se transformar em um “espaço físico” de encontro do povo militante e simultaneamente “uma prática de resistência” enquanto se espera a mudança de modelo. Nesse sentido “Soberania Alimentar é para muitas e muitos uma utopia necessária, que será realidade”, indica Gustavo.
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