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24 de Junho de 2010 | Entrevistas | Direitos humanos
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Resistir ao avance do capital sobre os territórios americano inclui colocar ao centro dos debates e elaboração de alternativas a grave sangria da dívida externa, insiste a Rede Jubileu Sul, que recentemente realizou sua assembléia regional na capital de Nicarágua.
Realizada no aniversário de uma década de trabalho da rede, e coincidindo com o primeiro aniversário do golpe de Estado em Honduras, a reunião debateu acerca da estreita relação existente entre as novas condições de endividamento impostas à região, o avanço dos tratados de livre comércio firmados ou em negociação com os Estados Unidos e União Européia, e o efeito nocivo acumulado pelas dívidas ecológicas, sociais, históricas, culturais e climáticas.
Além de comprometer-se a manter uma análise permanente e uma propaganda ativa acerca das causas históricas do endividamento endêmico dos países do Sul como mecanismo de dominação, a Assembléia Regional resolveu “continuar condenando energicamente toda forma de suposto alívio da dívida que implique novos endividamentos, condições e compromissos com base na expropriação de nossos recursos naturais que proponham os governos do Norte e suas instituições financeiras internacionais”.
Como metodologia, a rede de organizações que se encontra presente em dez países da América Latina e Caribe, ratifica o incentivo às auditorias participativas de dívidas, celebrando as efetuadas no Equador, Brasil e no caso binacional paraguaio-brasileiro da mega represa de Itaipu.
Quanto a isso, a responsável do Jubileu Sul/ Américas , Sandra Quintinela, em Goiás foi entrevistada pela Rádio Mundo Real, e diz que o primeiro passo para compreender o fenômeno é entender que a dívida pública não se reduz a uma situação contábil, mas que significa um mecanismo de dominação”.
Que as sociedades se reconheçam como credoras é parte essencial do processo.
“Aqueles que estão pagando esta dívida são os trabalhadores e as trabalhadoras. Quando se realoca o dinheiro público para pagar a dívida, diminui-se a verba das políticas de educação, saúde, reforma agrária e muitas outras coisas”, afirma Sandra.
Presenta em Honduras
Os ativistas reunidos em Managua também ratificaram seu rechaço aos governo, tido como ilegítimo, de Porfírio Lobo em Honduras.
“Como Jubileu Sul/ Américas, e a comemorar-se em 28 de junho o primeiro ano do Golpe de Estado que o imperialismo e oligarquias impuseram ao povo hondurenho, manifestamos novamente que condenamos tal ato de repressão e ruptura do processo democrático, ao endividamento ilegítimo acumulado pela ditadura e nosso apoio incondicional à heróica resistência do povo Hondurenho e suas organizações, em luta por recupera o sagrado direito à liberdade”, segundo a declaração.
O rechaço se estende ainda à ocupação militar no Haiti, assim como o bloqueio econômico a Cuba, que vem sendo mantido a cindo décadas.
Sandra destacou ainda a presença da argentina Nora Cortiñas em Honduras, pertencente ao Mães da Praça de Maio, que encabeça uma delegação que visa constatar a situação em que se vive no país centro americano e o compromisso com a resistência.
Estamos apoiando a luta do povo cubano contra o bloqueio, uma luta que nos inspira a seguir batalhando pelo direito a sonha e viver com dignidade”, assinala a ativista brasileira.
A crise como relectura
No atual contexto de crise do capitalismo com epicentro na Europa, as organizações integrantes do Jubileu Sul entendem que a análise de suas causas brinda um contexto favorável para que se rediscuta, dentre as sociedades, as causas do endividamento.
Apostam na “consolidação dos laços de colaboração, solidariedade e integração de um novo tipo, buscando potencializar a independência de mecanismos históricos de dominação colonial e saqueio”.
Sandra Quintinela assinala ainda que há trinta anos o tema da dívida pública não deixa de ser central na América Latina.
Afirma ainda que o atual contexto adiciona ingredientes a esse debate.
Escutamos, desde Goiás, a Sandra Quintinela, cordenadora do Jubileu Sul/Américas
Foto: movimientos.org
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