As ativistas, 1.150 ao todo, provenientes de acampamentos e assentamentos camponeses da região, estão denunciando os impactos sociais e ambientais das empresas dedicadas às monoculturas florestais na zona. Falam de desemprego, pobreza, maior desigualdade social e desalojamento de camponeses do meio rural.

A ocupação nesta quinta-feira da fazenda chamada “Esperança” chega com o início do mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher (8 de março). A Via Campesina Brasil e mais precisamente o MST têm uma importante tradição de execução de ações diretas que envolvem mulheres nesse dia ou próximo a essa data. A ocupação de áreas de empresas florestais e de celulose e o corte de eucaliptos e pinus, foram ações realizadas em diversas partes do país.

Na região do extremo sul da Bahia a ocupação de “Esperança” não é a primeira realizada por trabalhadoras rurais sem terra a uma área com plantios de eucaliptos. No dia 28 de março do ano passado as mulheres entraram na fazenda “Nova América”, no município de Eunápolis, pertencente à empresa Veracel, propriedade da companhia sueco finlandesa Stora Enso.

Durante 2011 outras áreas da mesma companhia foram ocupadas e algumas delas ainda estão controladas por trabalhadores rurais sem terra, que exigem as áreas para se assentarem e se dedicarem à produção familiar.

Suzano se posiciona em seu site como a segunda maior produtora de celulose de eucalipto do mundo e entre as 12 maiores de celulose de mercado. Em 2010 a empresa comercializou mais de um milhão e meio de toneladas de celulose, e teve como principais mercados a Europa, Ásia, o próprio Brasil e América do Norte.

No Brasil, a companhia tem fábricas e plantios em vários estados. Possui ao todo 771.000 hectares nos estados de São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Tocantins, Piauí e Maranhão. Sempre conforme informação oficial apresentada em seu site, 326.000 hectares estão plantadas com eucaliptos e 284.000 são destinadas a “preservação ambiental”.

Conforme informação divulgada pelo MST, o objetivo da ocupação da “Esperança” foi chamar a atenção sobre os impactos ambientais e sociais negativos das empresas dedicadas à indústria florestal e de celulose na zona. A implantação do modelo das monoculturas florestais tem gerado desemprego, pobreza, maior desigualdade social e desalojamento de camponeses para as cidades, com a conseguinte super população nos centros urbanos, afirma o MST. Isto tem provocado um aumento da violência nas cidades: “por este motivo é que as cidades da região sul da Bahia são consideradas as mais violentas do país”, conforme o movimento camponês.

Os trabalhadores rurais sem terra estão exigindo agilidade nos processos de desapropriação de latifúndios, das grandes áreas “usurpadas” para monoculturas de eucaliptos em zonas de “mata atlântica”, e o assentamento das 23.000 famílias do MST da Bahia acampadas há anos. Exigem também que o governo nacional invista nos assentamentos camponeses da região, “que estão abandonados” pela administração da presidenta Dilma Rousseff e do governo estadual.

Foto: MST.