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27 de Setembro de 2011 | Notícias | Direitos humanos
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Cerca de mil manifestantes indígenas questionaram o primeiro presidente indígena da Bolívia, Evo Morales, e isso, para muitos analistas, é um aspecto central do conflito provocado pela construção de uma estrada que atravessaria o parque nacional TIPNIS.
Essa tensão é indicada, entre outros, pelo repórter da Radio Erbol, que hoje informou em entrevista com o site ALER, que o presidente Morales retrocedeu em sua proposta, ao anunciar que realizará uma consulta popular para resolver as polêmicas obras no Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS).
Morales optou por deixar a decisão em mãos das autoridades dos departamentos de Beni e Cochabamba. “Que decidam os dois departamentos beneficiários, e enquanto isso fica suspendido o projeto”, manifestou o mandatário, que tem justificado a iniciativa vial a partir das “demandas da população” local.
Os grupos indígenas que se opõem à iniciativa temem impactos negativos sobre esta reserva de flora, fauna e água doce. Não é para menos: é o principal fruto de sustento destas comunidades que vivem principalmente da caça, a pesca e a recoleta de frutos.
A partir do anúncio de Morales, confirmado em rodada de imprensa nesta segunda-feira 26, as obras ficam suspensas, embora a marcha indígena parece se manter firme em seu objetivo, proposto há 40 dias, de chegar a La Paz, capital do país.
“Hoje não temos nenhuma garantia”, disse após a resolução presidencial um dirigente da marcha, situada hoje a cerca de 500 quilômetros de La Paz. Conforme Erbol, a forte repressão deste fim de semana deixou um saldo de mais de 40 feridos.
Outras organizações sociais têm sido duramente críticas com o governo. A reportagem do Fórum Boliviano sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Fobomade) indica que os indígenas que foram reprimidos neste domingo a poucos metros da ponte San Lorenzo têm suportado “estoicamente” uma “grande assédio midiático e dezenas de estrategias desleais planificadas no Palácio de Governo para sabotar a mobilização”.
O conflito também teve outras consequências para a administração de Morales. A ministra de Defesa, Cecilia Chacón, abandonou seu cargo por divergências com o caminho repressivo que tomou o governo de Morales, que, segundo ela, não pode “defender ou justificar”.
Por outro lado, a Central Operária Boliviana (COB) analisa agora se mantém em pé, após o anúncio de Morales, a greve nacional em solidariedade com os indígenas que havia convocado para amanhã.
Foto: Fobomade
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