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12 de Abril de 2011 | Notícias | Alerta! Sandra desaparecida | Direitos humanos | Lutadores sociais em risco
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Na sexta-feira foi realizada uma jornada de ação mundial contra o desaparecimento forçado na Colômbia. Nesse país e em outros vários Estados foram feitas atividades de homenagem a ativista colombiana Sandra Viviana Cuéllar, desaparecida no dia 17 de fevereiro nos arredores da cidade de Cali.
Há 54 dias do desaparecimento de Sandra, não há nenhuma referência sobre seu paradeiro. Regularmente a família de Sandra comunica-se com as autoridades nacionais para ver se há novidades surgidas do trabalho de busca. A resposta sempre tem sido negativa.
Com o slogan “contra o desaparecimento levo Sandra no coração”, destacaram-se na sexta-feira as atividades em Bogotá, capital colombiana, e em Cali. No exterior destacou-se uma manifestação realizada em frente à embaixada da Colômbia na capital da Bélgica, Bruxelas, uma das sedes do parlamento europeu.
Em Bogotá a atividade “de vigília” foi realizada na Praça Manuel Gustavo Chacón. Pretendeu ser “uma denúncia, para que não nos esquecemos que Sandra continua desaparecida, e para que as autoridades colombianas comprometam-se na busca para que tomara ela apareça viva”, disse à Rádio Mundo Real, o diretor da organização CENSAT Agua Viva – Amigos da Terra Colômbia, Jorge Sánchez. O ambientalista foi uma das pessoas a cargo da coordenação da mobilização em Bogotá.
Participaram ali várias entidades de direitos humanos, especialmente a organização Minga, grupos ambientalistas e amigos e conhecidos de Sandra. Foram realizados bailes, houve vários grupos musicais, foram lidos poemas homenageando Sandra e todos os desaparecidos do país.
Também foram colocadas flores e velas. Foi “uma atividade muito espiritual, tentando chamar a atenção da cidadania em geral e das autoridades em particular”, contou Sánchez.
O diretor do CENSAT lamentou que a Colômbia continue “esta lógica de morte, de loucura”. “É o momento de fazer mudanças profundas no país para parar este estilo de violência tão dramático que temos”, considerou, porque “já temos mais de 20.000 desaparecidos nos últimos anos”.
“Acreditamos que é um momento para que a sociedade colombiana e as autoridades, comprometam-se para que não continuem acontecendo fatos como eles, e que pessoas como Sandra tenham o direito a exercer a civilidade na rua, protestando se for preciso, sem que sua vida seja comprometida”, avaliou o ambientalista.
Sánchez destacou o trabalho pacífico de Sandra, afirmando que era “muito espiritual, muito comprometida com a questão social e o ambiental”. O padre de Sandra, José Dumar Cuéllar, definiu sua filha, de 26 anos, como uma mulher forte e proativa, conforme nota do jornal colombiano El País. A ambientalista tem sido uma participante ativa de iniciativas culturais, sociais e sobretudo ambientais, e uma bailarina de diversas companhias.
Sandra tem trabalhado em iniciativas de proteção de bacias de rios, de promoção de mercados camponeses e de oposição à monocultura de cana de açúcar, por exemplo. Nas semanas anteriores a seu desaparecimento, a ativista esteve desenvolvendo um projeto de gestão ambiental para o município de Yumbo, no departamento de Valle del Cauca. Também havia trabalhado com os indígenas Yanaconas para proteger o rio Cauca.
Sandra também trabalhou em CENSAT. Sobre o trabalho que esta organização está fazendo na busca da ativista, Jorge afirmou: “Nós criamos um comitê para promover a aparecimento de Sandra, para promover que tanto as organizações de direitos humanos como outras organizações sociais também se comprometeram a promover um trabalho para que não se esqueçam de Sandra, seu espírito, sua presença”, manifestou Sánchez. Esse comitê está integrado por cerca de 15 organizações de Bogotá e por amigos de Sandra e conhecidos.
Também “estamos tratando com as organizações de direitos humanos, com Minga em particular, para buscar mecanismos para que as embaixadas amigas, as entidades do Estado, as universidades, mantenham a memória de Sandra muito presente ”, acrescentou Sánchez.
O ativista chamou a não esquecer Sandra “apesar de que já levamos um tempo significativo (de seu desaparecimento)”, e expressou seu desejo de que “qualquer dia destes apareça viva e sã”.
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