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8 de Outubro de 2010 | Notícias | Justiça climática e energia
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Com uma entrada pacífica à obra, dialogando com operários e engenheiros, mas ratificando firmemente sua oposição a que o Rio Verde seja novamente represado por interesses corporativos e deixe sua terra inundada e sua história ultrajada, moradores da comunidade de Temacapulín com acompanhamento internacional “fecharam” simbolicamente o projeto nesta segunda-feira 4 de outubro.
O caráter pacífico da mobilização realizada nos marcos do 3º Encontro Internacional de Atingid@s por Barragens e seus Aliad@s não deixou de ser firme: este projeto de barragem não conta com as autorizações formais necessárias e muito menos com consentimento da comunidade. A isto soma-se a visibilidade e repercussão que o fórum internacional lhe dá a este exemplo de resistência, que por não é isolado num México com centenas deste tipo de barragens, muitas delas abandonadas e várias outras no papel.
Um México que só no estado de Chiapas registrou em setembro, 27 mortos por inundações por transbordamento de rios e barragens.
A delegação de moradores locais e seus acompanhantes internacionais teve que caminhar desviando-se de grandes máquinas pelos caminhos internos da obra que neste momento está num preocupante estado de avanço, apesar das irregularidades que têm sido denunciadas especialmente a organismos de direitos humanos do estado mexicano de Jalisco.
Vários quilômetros por estradas com gritos de ordem como “rios para a vida e não para a morte” até chegar a ver o verdadeiro prêmio que procura o projeto de reserva de água para as engarrafadoras de Guanajuato: o Río Verde corre entre paredes de pedra que cai aos poucos.
Nenhum dos participantes da mobilização pôde evitar o magnetismo por um rio belo e sinônimo de vida para muitas populações em sua bacia. Tampouco puderam evitar a indignação pela apropriação da paisagem que este projeto fará e que privatiza o que antes foi um bem comum, cuidado e preservado pelas comunidades desde sempre.
O Rio Verde já conta com uma parte de barragem e uma grande reserva de água na zona conhecida como “El Salto”, absolutamente abandonada e que o governo finalmente concedeu a privados para “esportes náuticos”, conforme o integrante do Mapder, Esteban De Esesarte Francke numa improvisada audiência com o engenheiro encarregado da obra.
Uma realidade e uma decisão
Fazia um ano que a comunidade não comparecia ao lugar, desde o acampamento de vários dias que realizaram na entrada do lugar.
A primeira reação foi de tristeza pelo descaramento das autoridades e da empresa contratista que não têm respeitado os pronunciamentos da comunidade, nem os recursos de amparo que por violação de direitos básicos deveriam ter detido a obra.
No dia seguinte e após uma avaliação das condições, ficou claro que são necessárias ações concretas para deter as obras, que a decisão é dos filhos ausentes e presentes de Temaca, que existem exemplos concretos no México e no mundo que bem-sucedidos em sua resistencia e, principalmente ficou claro que não estão sós, mas que os olhos de muitos estão voltados para Temaca!
Nesse contexto a “fechamento simbólica” foi mais do que isso.
Dentre os compromissos assumidos durante o Encontro -organizado por Rios Internacionais e a Redlar entre outras- está a realização de uma jornada internacional para exigir o fechamento do Zapotillo através de ações frente às delegações diplomáticas mexicanas em todos o mundo.
Os delegados internacionais, foram danificados em seus próprios países, ativistas da resistência a futuros projetos, organizações acompanhantes e acadêmicos especializados na problemática de barragens, puderam nesse caminho verificar a justeza da realização do encontro neste pequeno povoado de 400 moradores permanentes, mas com uma vasta história e riqueza cultural e humana.
O contexto do Rio Verde, com grande diversidade de produções, pecuárias e agrícolas, ao ser imaginado inundado para vender água a uma cidade, contrasta rotundamente com as ideias de Terra e Liberdade que inspiraram a Revolução Mexicana que comemora seu centenário nestes dias, e que para os habitantes que em todo o México resistem contra as barragens e especialmente de Temaca, são prosa morta.
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