1ro de febrero de 2010 | Noticias | Anti-neoliberalismo | Soberanía Alimentaria
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A multinacional de capitais brasileiros Cutrale é um peso pesado da economia global. Controla cerca de 60% do negócio mundial de produção de laranja e mantém uma aliança estratégica com a estadunidense Coca-Cola.
Nestes dias boa parte da imprensa do Brasil e a direita política desse país se manifestaram com firmeza para defender os interesses da citrícola, depois de conhecer-se sobre a detenção de nove integrantes do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que ocuparam terras da empresa em outubro do ano passado.
Por sua vez, o movimento social mais potente do Brasil iniciou uma campanha para denunciar que a empresa tem obtido esse poderio a partir do uso ilegal de terras públicas, e que isso tem sido possível por sua capacidade de lobby com a classe política.
“Vamos mobilizar nossos amigos no mundo para denunciar as atividades ilegais da Cutrale para produzir suco, que depois é vendido para a Coca-Cola”, disse há alguns dias atrás João Pedro Stédile, dirigente do MST, nos marcos das atividades do Fórum Social Mundial.
A ocupação da discórdia foi realizada em uma zona rural situada a 345 quilômetros da cidade de São Paulo, e a inteligência da polícia militar utilizou quatro vídeos para identificar os ocupantes, no que foi chamada a “Operação Laranja”.
As imagens, onde é possível ver um trator derrubando laranejeiras, foram divulgadas pela Rede Globo, um dos braços midiáticos do empresariado brasileiro, e no MST se alerta que todo o operativo tem indubitáveis “intenções eleitorais”, já que em outubro deste ano serão realizadas as eleições nacionais onde será decidida a continuação do Partido dos Trabalhadores (PT) no governo.
As terras da fazenda Capim são exigidas pelo Estado brasileiro através do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas a Cutrale tem apresentado recursos à justiça para continuar explorando-as. O MST considera que essas áreas devem ser destinadas à reforma agrária, uma das contas pendentes da administração do PT.
Em meio ao conflito, os sem terra lembram que em 2003 a revista Veja denunciou a empresa citrícola por negócios feitos nas Ilhas Caiman com o objetivo de evadir impostos, e além disso divulgou novamente uma lista de deputados federais que têm recebido “doações” da Cutrale para suas campanhas eleitorais.
Segundo o MST, a expansão da Cutrale já tem provocado o desaparicimento de cerca de 280 mil hectares destinados à produção de laranja de pequenos e médios produtores, embora essas imagens não sejam trasmitidas pela televisão.
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