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11 de Outubro de 2010 | Notícias | Justiça climática e energia
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Várias organizações sociais latino-americanas realizaram nesta quinta-feira
um ato público nas ruas de São Paulo, para denunciar o papel que pretende ter o Banco Mundial no financiamento climático internacional. Os grupos, entre as que destacou-se Jubileu Sul Américas, entregaram uma carta nas próprias sedes do banco nessa cidade com seus questionamentos e demandas.
A atividade foi realizada na jornada prévia ao 8 de outubro, dia estipulado por movimentos e organizações sociales de diversas partes do mundo para dizer: “Banco Mundial fora do Clima”. A manifestação serviu de encerramento da oficina sobre financiamento climático realizada em São Paulo por vários grupos e foi uma das primeiras mobilizações nos marcos da “Semana de Ação Global contra a Dívida e as Instituições Financeiras Internacionais (IFIS)”, celebrada durante 10 días, de 7 a 17 de outubro.
Na carta entregue pelas organizações sociais ao Banco Mundial menciona-se o documento “Banco Mundial fora do Clima”, que acaba de ser elaborado por Jubileu Sul Américas, Amigos da Terra América Latina e Caribe, a Coordenadora Andina de Organizações Indígenas, a Aliança Social Continental e a Aliança dos Povos Acredores da Dívida Ecológica, e firmado por dezenas de outras redes sociais.
As organizações explicam no documento que o Banco Mundial encontrou a confluência das crise sistémica, econômica, alimentar, energética, climática e do modelo extrativista, um novo discurso e abundantes recursos “para ser o defensor da transição ao capitalismo verde”.
Consideram que as respostas que vêm sendo feitas dos centros de poder, são falsas soluções que ignoram as causas da crise do clima, contribuem a piorá-la e aumentam a dívida climática dos estados do Norte, as corporações transnacionais e as IFI. “Eles vem na mudança climática uma oportunidade para sair da crise econômica, reforçar o capitalismo e seguir lucrando”.
Dentre as falsas soluções, destacam o mercado de carbono, as usinas hidrelétricas, a energia nuclear e os agrocombustíveis. “A criação do mercado de carbono abriu a porta para que as IFI, e principalmente o Banco Mundial, expandissem seu papel e fortalecessem sua capacidade de intervenção e condicionamento sobre os países prestatários”, explicam.
Especificam os vários projetos associados ao mercado de carbono e os fundos especiais do Banco Mundial para este negócio.
Empreendimentos nos marcos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) ou o Programa de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação das Florestas (REDD) “permitem que os países do Norte e suas transnacionais compensar ficticiamente parte de suas emissões de gases de efeito estufa, financiando projetos no Sul que teoricamente reduzem as emissões”, indica o texto. Assim se “aumenta a dívida financeira ilegítima, bem como as dívidas ecológicas e sociais”, acrescenta.
Nas negociações atuais de clima, os governos do Norte procuram fortalecer o papel do Banco Mundial. Enquanto isso, esta entidade internacional “continua financiando um modelo de desenvolvimento que contribui com o aquecimento climático, incluindo fortes investimentos em combustíveis fósseis e o agronegócio”, indicam as dezenas de firmantes do documento.
Conforme seus dados, de 1992 a 2004 o Banco Mundial aprovou mais de 11 bilhões de dólares em empréstimos para mais de 120 projetos de combustíveis fósseis, que representam 20 porcento das emissões contaminantes globais atuais. Em 2007 e 2008, o banco financiou cerca de 7,3 bilhões de dólares em projetos de combustíveis fósseis. A contradição com seu discurso de líder da luta contra a mudança climática não precisa explicações.
Os movimentos e organizações sociais destacam no documento “Banco Mundial fora do Clima” que o “Acordo dos Povos” surgido da Cúpula de Mudança Climática de Cochabamba, Bolívia, em abril deste ano, afirma que o mínimo de financiamento necessário para enfrentar a crise do clima deve ser de 6 porcento do Produto Bruto Global
“Os fundos devem ser públicos, novos, adicionais e não reembolsáveis, eliminando o mercado de carbono e sem nenhum papel para o Banco Mundial ou os bancos de desenvolvimento regionais”, sentencia o texto.
Foto: Jubileu Sul Américas.
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