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8 de Junho de 2010 | Notícias | Soberania alimentar
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Nas ruas, com suas vestimentas e ferramentas, como estão acostumados a fazê-lo na hora de exigir seus direitos, milhares de camponeses haitianos comemoraram o Dia Mundial do Meio Ambiente rejeitando a introdução em seu país de milhares de toneladas de sementes de milho transgênico, sob a desculpa de “doação”.
Na sexta-feira, 4 de junho esses camponeses ameaçados pela contaminação transgênica disfarçada de ajuda humanitária, marcharam do centro de formação do Movimento de Camponeses de Papaya (MPP), o chamado centro “Lakay”, até a localidade de Hinche, a sete quilômetros de distância.
Para iniciar a marcha, os e as manifestantes plantaram simbolicamente milho crioulo e árvores simbolizando assim a determinação de consumir seus próprios grãos a partir de sementes locais orgânicas.
A multinacional “doou” 475 toneladas de milho transgênico ao governo haitiano, que anteriormente não havia autorizado seu cultivo nesse país.
Na noite prévia à mobilização foi emitido um documental na sala cultural da igreja Católica em Hinche, explicando as consequências negativas dos produtos da Monsanto e o apoio que recebe essa empresa multinacional da Administração para o Controle de Alimentos e Medicinas dos EUA (FDA) para impor seus produtos em território americano.
Conforme afirmou à Rádio Mundo Real Iderle Breenus, da Via Campesina Caribe, tradicionalmente a agricultura camponesa haitiana tem sido agroecológica.
A mobilização demonstrou oposição à política do governo de René García Preval e Joseph Jean Max Bellerive, acusando-os de serem cúmplices do imperialismo, ao vender o patrimônio nacional do país, conforme indica o site da Vía Campesina.
Iderle Breenus, explicou quais são as ameaças dos cultivos transgênicos para o campesinato e a população haitiana.
“Sabemos que a Monsanto produziu o agente laranja no Vietnã e que com seus fertilizantes químicos envenenam a água, o ar, produzem câncer e outras doenças”, .
“No Haití temos nossas próprias sementes crioulas que podemos utilizar para reconstruir nossa agricultura, não precisamos contaminá-las com as sementes transgênicas”, disse a ativista da Via Campesina.
Quando consultada sobre a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haití, Minustah, e a fortíssima militarização instalada pelos Estados Unidos após o terremoto de janeiro passado, Iderle responde com um dado contundente: “de cada dólar que vem para o Haití como ajuda humanitária, os soldados americanos consomem 43 centavos”.
Imagem: http://www.opednews.com
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