20 de agosto de 2012 | Entrevistas | Anti-neoliberalismo | Derechos humanos | Industrias extractivas
A criminalização de lutadores e lutadoras sociais tem várias disfarces na Colômbia. Da “construção” de provas até a eliminação física. É o caso da liderança do Processo de Comunidades Negras (PCN), Félix Banguero, cuja prisão é rejeitada e denunciada pelos movimentos sociais. “Tentam abrir as portas para as transnacionais para que se apropriem dos recursos naturais”, resume seu filho.
Como “falsos positivos judiciais” têm sido analisadas as ações de criminalização, captura e judicialização de processos sociais e líderes destes processos na Colômbia, que têm sofrido a perseguição sob acusação de serem auxiliadores, vínculos ou militantes da insurgência armada.
A ideia de “falso positivo” corresponde a uma tática do para-militarismo nesse país onde tenta-se fazer passar como insurgentes, membros de comunidades rurais assassinados, vestindo-os com uniformes guerrilheiros.
Faz parte da estratégia “espada de honra” das Forças Armadas regulares, que, com base em informação eletrônica e versões de testemunhas de dubitável veracidade pretendem desarticular as estruturas de apoio da guerrilha colombiana.
As organizações sociais associam estas intenções à importância estratégica dos territórios indígenas, camponeses e de comunidades negras para o mercado internacional, principalmente em relação à indústria extrativa (megamineração, projetos energéticos, hidrocarbonetos, agrocombustíveis) fator fundamental das chamadas “locomotivas do desenvolvimento” que servem de eixos à gestão de Juan Manuel Santos, presidente colombiano.
Para essa “locomotivas”, as organizações em defesa do território são, de fato, um estorvo.
A mais de dois meses da captura de cerca de trinta pessoas no norte do Cauca, sob acusações de um suposto nexo com a insurgência armada, chama a atenção do manejo que os organismos do Estado têm feito deste processo: transferências a guarnições militares, debilidade nas provas e limitação de acesso à informação, principalmente nos casos de líderes comunitários de Cabildos Indígenas e de Conselhos Comunitários de população Negra.
Sob esta lógica e no reconhecimento histórico da criminalização do protesto social as organizações sociais têm cerrado fileiras na defesa de seus líderes e a dignificação de seus processos.
É o caso do PCN (Processo de Comunidades Negras) que iniciou a campanha “te amamos e te queremos livre” acompanhando e apoiando Félix Banguero, líder do Conselho Comunitário do Pílamo e fundador do PCN.
Félix, como outros tantos homens e mulheres tem participado ativamente em processos na defesa dos Direitos Humanos e dos Territórios para suas comunidades há mais de 20 anos no norte do Cauca.
Sobre sua trajetória, analisando seu caso e vendo o contexto de conflito e território, Rádio Mundo Real conversa com Karin Banguero, companheiro e filho de Félix, que também lidera a campanha pela liberdade de seu pai.
“Isto tem a ver com uma lógica estrutural para deslegitimar a luta e a ação em defesa dos direitos…é uma perseguição política e também uma caça de bruxas”, diz Karin.
Entrevista e foto: Don Palabras para Rádio Mundo Real
Radio Mundo Real 2003 - 2018 Todo el material aquí publicado está bajo una licencia Creative Commons (Atribución - Compartir igual). El sitio está realizado con Spip, software libre especializado en publicaciones web... y hecho con cariño.