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9 de Abril de 2012 | Notícias
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Um relatório divulgado pela Via Campesina, Amigos da Terra Internacional e Combat Monsanto garante que essa companhia estadunidense enfrenta uma resistência crescente em diversas partes do mundo.
“Luta contra Monsanto. Resistência dos movimentos de base ao poder empresarial do agronegócio na era da ’economia verde’ e um clima que muda”*, denomina-se o trabalho difundido no dia 4 de abril, quando a gigante biotecnológica apresentava seus últimos registros de lucros.
Movimentos sociais, comunidades locais, pequenos produtores e agricultores orgânicos rejeitam a Monsanto e a agricultura industrial que representa, conclui o relatório elaborado pela rede camponesa, a federação ambientalista e o coletivo de organizações que trabalha contra a empresa de sementes.
Segundo um comunicado de imprensa, o coordenador do programa de Soberania Alimentar da Amigos da Terra Internacional, Martín Drago, disse que o novo estudo “registra a forte oposição” à Monsanto, “que promove seus produtos geneticamente modificados aparentemente sem levar em conta os custos sociais, econômicos e ambientais”.
A ativista Héloise Claudon, da Combat Monsanto, afirma no comunicado que “a maioria da população na Europa se opõe à produção de alimentos geneticamente modificados”. “Vários países europeus agora têm moratórias nacionais que proíbem o milho MON810 da Monsanto e as batatas Amflora da BASF, apesar da forte pressão da indústria da biotecnologia e da Comissão Europeia para levantar as moratórias”.
No dia 16 de janeiro a empresa alemã BASF anunciou que abandonaria o desenvolvimento e comercialização de transgênicos na Europa pela grande resistência que esses cultivos têm gerado em diversos países da região. A companhia decidiu colocar seus esforços em outros mercados: América do Norte, do Sul e Ásia.
Um representante da diretiva da BASF encarregado dos organismos geneticamente modificados, Stefan Marcinowski, reconheceu nesse então que as “tecnologias verdes não são suficientemente aceitadas em muitas regiões da Europa pela maioria dos consumidores, agricultores e responsáveis políticos”. “É por isso que não faz sentido econômico continuar investindo nestes produtos (...)”, disse conforme a agência AFP.
Conforme a Via Campesina, Amigos da Terra e Combat Monsanto, a área total plantada com culturas transgênicas abrange apenas 3 porcento da terra agrícola mundial, nada tão promissor quanto a industria biotecnológica afirma. As organizações explicam que os plantios de transgênicos ficam restringidos a poucos países: 90 porcento está nos Estados Unidos, Brasil, Argentina, Índia e Canadá.
“A grande maioria dos cultivos geneticamente modificados são destinados a alimentos para animais em países ricos, ao invés de serem para alimentos para os pobres ou aqueles que têm fome”, lamenta o comunicado dos autores do novo trabalho. Acrescenta que a utilização de transgênicos “homogeniza os alimentos e elimina o conhecimento e a cultura local”.
O relatório apresenta importantes lutas contra Monsanto e outras empresas da agricultura industrial que pressionam para impor os cultivos geneticamente modificados. Os autores buscam fazer com que os depoimentos e análises contidas no trabalho inspirem e unam consumidores, ativistas e comunidades locais contra os abusos cometidos pela Monsanto e outras empresas biotecnológicas.
“Quem responsabilizará a Monsanto pela devastação mundial da biodiversidade, pela erosão do solo e pelas violações de direitos camponeses provocadas pela utilização de produtos em base a petróleo, necessários para a agricultura industrial?”, pergunta Dena Hoff, da Coalizão Nacional de Agricultores Familiares, Via Campesina América do Norte. A liderança destacou que os agricultores de diversas partes do planeta pressionam a favor da soberania alimentar. “Mas o resto do mundo deve se unir” a essa luta, considerou Dena.
* O relatório está disponível em espanhol, inglês e francês:
http://www.foei.org/es/recursos/publicaciones/pdfs-por-ano/2012/combatting-monsanto/
http://www.foei.org/en/resources/publications/pdfs/2012/combatting-monsanto/
http://www.foei.org/fr/publications/combatting-monsanto
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