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6 de Outubro de 2010 | Informes especiales | 3º Encontro Internacional de Atingid@s pelas Barragens | Justiça climática e energia
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Nos marcos do 3º Encontro Internacional de Atingidos/as por Barragens e seus Aliados/as delegados de todo o mundo percorreram junto a integrantes da comunidade de Temacapulin a barragem e o centro onde seriam expulsos contra sua vontadem, os habitantes desta população no Estado de Jalisco, México.
A arquitetura pode tornar-se cruel e chegar a ser uma sofisticada tortura para muitos. É o caso do centro da construção que cerca o povoado de Temacapulín (Temaca) do que se pretende que seja o novo povoado, depois que a barragem El Zapotillo inundar quatorze séculos de história e memórias com suas águas privatizadas.
A crueldade está em que, estas “novas casas” estão orientadas precisamente a Temaca e, caso ser concretizado o projeto, os moradores desalojados teriam uma visão panorâmica da inundação de seu antigo lugar no mundo.
Dia e noite em Temaca, com suas ruas de pedras centenárias e sua praça colonial onde os moradores compartilham novidades e preocupações, ouve-se o barulho das retro-escavadeiras e grandes caminhões levando materiais para o centro da população que mostra uma ruas tristes e vazias, carentes da marca histórica de quatorze séculos que o mega-projeto destruirá.
Rádio Mundo Real percorreu o lugar na jornada em que os participantes conheceram diretamente El Zapotillo e outros projetos de barragens entre as dezenas que existem em todo o México.
O delegado internacional, Pedro Luis Sáinz, da Espanha afirma: “estamos vendo casas que nunca serão ocupadas”.
A visita ao lugar de quase uma centena de delegados surpreendeu os engenheiros e operários que trabalham ali, a maioria deles contratados fora do Estado de Jalisco, e da zona de Los Altos para evitar um envolvimento com a causa de Temaca que exige abortar o projeto de barragem que fornecerá água às empresas do estado de Guanajuato que será engarrafada e comercializada sem que apareça na contabilidade as centenas de vidas e anos sacrificados.
Nesse contexto, o Padre Gabriel Espinosa Íñiguez, pilar fundamental na luta de Temaca nos últimos cinco anos, expressou que esta população tem água “e a oferece para todos, mas não para um punhado de empresas privadas” que vão lucrar com ela.
“Aqui no poderemos plantar nossa “pimenta, nem enterrar nossos mortos”, disse o religioso.
Por último, já no caminho de volta, recolhimos o depoimento de Esteban De Esesarte Francke, responsável da visita por sua organização, o Movimento Mexicano de Atingidos pelas Barragens e em Defesa dos Rios (Mapder).
“Esta tem sido uma luta muito cruenta, fizemos muito ruído”, expressa Esteban. “Quando os espanhóis chegaram a conquistar em 1530 já estava o povo de temaca 900 ou mil anos de população autóctone e querem trocá-lo por umas casas que parecem bonitas, mas num contexto agreste, sem terra para plantar nossa pimenta, do que vamos viver aqui no meio do nada? Com um teto, mas sem um modus vivendi”.
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