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6 de Junho de 2011 | | |

Plantio puro

A produção familiar é celebrada no Uruguai

No domingo acabou no Uruguai a 4ª Festa Nacional da Semente Crioula e a Agricultura Familiar, que havia começado na sexta-feira no Centro Agustín Ferreiro do departamento de Canelones, com a presença de produtores familiares de várias zonas do país.

No encontro houve reuniões, palestras, intercâmbio de sementes, apresentações de documentários e espetáculos artísticos, com a participação especial de pequenos produtores comprometidos com a sustentabilidade da produção familiar.

Os organizadores da Festa da Semente foram: a Rede Nacional de Sementes Nativas e Crioulas, REDES – Amigos da Terra Uruguai, o Programa Uruguai Sustentável, a Faculdade de Agronomia da Universidade da República (UdelaR), a Comissão Nacional de Fomento Rural, a ONG Pindó Azul (do departamento de Treinta y Tres) e o Centro Agustín Ferreiro (que pertence ao Departamento de Educação para o meio rural do Conselho de Educação Inicial e de Primeiro Grau).

“Se não conservarmos a sementes é o nosso fim, vamos ter dependência absoluta de todo o pacote tecnológico, com a destruição do solo consequente”, disse à Rádio Mundo Real a produtora Ana Cárdenas, da zona de Cerro de la Aldea, no departamento de Tacuarembó.

Ana e seu marido têm dez vacas e dedicam-se à leiteria há oito anos, ao tempo que pertencem à Rede de Sementes praticamente desde o começo em 2004. Juntos elaboram queijos que vendem na feira local dos domingos e a alguns armazéns da zona. “Vivemos disso”, disse Ana.

A Rede Nacional de Sementes Nativas e Crioulas, uma das organizadoras da Festa do fim de semana, está composta por grupos de produtores familiares de várias partes do Uruguai, a Faculdade de Agronomia da UdelaR e REDES – Amigos da Terra Uruguai. Eles coordenam juntos o Programa de Resgate e Revalorização de Sementes Crioulas e Nativas e Soberania Alimentar, que nasceu em 2004.

Ana considera que a Rede de Sementes um espaço de intercâmbio entre produtores e aposta a que todos juntos deem a força que precisa para crescer e se fortalecer, especialmente com a inclusão de jovens. “Junto com meu marido não é muito o que pudemos contribuir com a Rede de Sementes pela falta de possibilidade de colher sementes. Mas estamos tentando, de forma consciente, de conservar a pampa, não fazer um uso muito intensivo do solo”, contou.

A Festa da Semente foi realizada num contexto nacional em que as monoculturas florestais e e de soja ocupam juntos cerca de dois milhões de hectares, com um crescente processo de concentração e estrangeirização da terra.

A zona onda vive Ana em Tacuarembó é particularmente atingida pelas monoculturas de árvores. Os produtores da zona “estão indo embora de forma permanente”, lamentou a entrevistada .

Ana destacou a luta pela terra em Tacuarembó “para que os guris não vão embora”, e destacou especialmente a “recuperação” de áreas do Instituto Nacional de Colonização, encarregado de facilitar o acesso à terra aos pequenos produtores.

Finalmente, Ana apoiou a proposta do presidente uruguaio José Mujica de aumentar os impostos aos que possuem mais de 2.000 hectares de terra, embora considerou que é “muito light e temerosa”. “Não vão poder dizer depois (no futuro) que a proposta não saiu por falta de apoio”, afirmou a produtora.

Foto: Rádio Mundo Real.

(CC) 2011 Radio Monde Réel

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