9 de mayo de 2012 | Entrevistas | Soberanía Alimentaria
O engenheiro agrônomo brasileiro Paulo Petersen é o Coordenador Executivo da organização no governamental AS-PTA, especializada em agricultura familiar e agroecologia. Em abril esteve no Uruguai para participar do terceiro Encontro Nacional da Rede de Agroecologia do Uruguai (RAU), que teve como tema central o trabalho sobre “Políticas Públicas e Agroecologia”.
Em entrevista com Rádio Mundo Real, Petersen falou de aspectos da disputa pelo território entre os modelos do agronegócio e o da produção familiar.
Nesse sentido, propôs que hoje a agricultura familiar enfrenta uma situação de “direitos territoriais violados”, e exemplificou essa situação com uma realidade cada vez mais frequente no meio rural: os agrotóxicos não respeitam fronteiras de nenhum tipo.
Conforme Petersen, a lógica camponesa é justamente territorializada, e por isso são necessárias políticas públicas de agroecologia que tendam a fortalecer a autonomia do campesinato em nível de produção e comercialização, por exemplo através de cadeias produtivas mais curtas.
A agricultura familiar no Brasil, conforme seu ponto de vista, continua sendo um setor muito poderoso, embora menos agroecológico do que antes, entre outras coisas porque algumas políticas governamentais têm promovido a modernização da agricultura familiar para insertá-la no mercado de maquinarias e produtos, ficando subordinada às cadeias produtivas.
“Mas se adotássemos critérios de princípios, a agricultura familiar adota formas práticas e modos que são coerentes com a agroecologia, por exemplo a territorialização da agricultura, valorizando os recursos e o capital ecológico, adotando um vínculo estreito com o entorno, com processos de ajuda mutua que são próprios da lógica camponesa”, explicou.
“A lógica do agronegócio é outra. A riqueza não fica nos territórios, seu compromisso não é com os territórios mas com maximizar as lucros no curto prazo”, manifestou.
Para o especialista brasileiro, a agroecologia é um método e a soberania alimentar é um fim, cujo objetivo é claramente político: a autodeterminação dos povos.
Petersen parabenizou ainda os debates da atividade realizada no Uruguai, concluindo: “as questões que foram colocadas na mesa são centrais, porque trabalhar com o Estado não é se subordinar, e é un debate central que deve ser aprofundado”.
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