25 de enero de 2011 | Noticias | Industrias extractivas
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Para fazer um anel de ouro de 10 gramas, se utiliza 1 quilograma de cianeto, quantidade suficiente para matar a 30.000 pessoas. O exemplo é útil para entender o dano meio-ambiental da mineração a céu aberto que pretende avançar nos paramos colombianos.
O ecossistema de paramo é próprio das regiões andinas. Existem na Colômbia, Equador, Peru, e na Costa Rica. Sua função, de regulação dos pontos de recarga dos aquíferos e de habitat de espécies endêmicas, é de uma importância estratégica para as populações de altura e também dos vales.
Na Colômbia, o compromisso do governo de Juan Manuel Santos de transformar o país num enclave minerador parece poder mais do que as legislações, já que embora a normativa proíba a mineração a céu aberto nos paramos, a administração de Bogotá considera brindar autorização ambiental a um projeto de extração de ouro apresentado pela GreyStar Resources Ltd., de origem canadense.
Caso o projeto for aprovado, estará em risco o abastecimento de água potável a cerca de dois milhões de pessoas assentadas em cidades como Bucaramanga e Cúcuta, no norte colombiano, além de outros estragos. Diante da ameaça, organizações colombianas iniciaram uma campanha tendente a denunciar a situação e, mediante cartas à autoridade ambiental, bloquear a autorização de GreyStar.
“A conservação dos paramos é equivalente à conservação da água, a biodiversidade e a luta contra a crise climática”, é o que afirma as organizações que estão denunciando o caso internacionalmente, reunidos na Rede Colombiana Frente à Grande Mineração Transnacional, (Reclame).
Negócio suculento
Conforme a publicação de Mario Alejandro Valencia, membro da Reclame, “GreyStar estima que as reservas recuperáveis de ouro em Santurbán atingem 9 milhões de onças e as de prata 59 milhões. A companhia tem calculado que as regalias que pagaria ao país seriam de 14.9 milhões de dólares ao ano, cerca de 224 milhões de dólares em 15 anos de atividade -sem descontar as isenções-, enquanto as vendas de ouro e prata, a preços de hoje, gerariam uma renda de 14,252 bilhões de dólares. Isto é que a Colômbia ficaria sem páramo, sem água e com menos de 2% do saqueio do ouro”.
O pesquisador também fala da articulação de resistência a este projeto, o Comitê Pró-Defesa do Paramo de Santurbán tem recolhido 50.000 assinaturas de repúdio na cidade Bucaramanga.
Diversos casos em nível internacional que proibem a mineração com base em cianeto -dentre elas a proibição no passado 5 de maio da Comissão Europeia dessa indústria em território da União- servem de antecedente e sustento para os defensores do Paramo de Santurbán.
“Nas minerações situadas em áreas próximas a zonas montanhosas, há desmatamento e é eliminada a parte fértil do solo, além de utilizar explosivos para despedaçar as rochas. Boa parte dessas rochas são levadas para vales adjacentes, onde sepultam e acabam com córregos”, conforme Reclame.
Afirmam que conseguir deter o projeto canadense e fazer com que a normativa ambiental seja cumprida neste caso, ajudaria a deter empresas similares como La Colosa no departamento de Tolima, Marmato em Caldas e Mandé Norte no Chocó.
Foto: sistemas-elkhim.blogspot.com
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