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3 de Maio de 2012 | Entrevistas | V Festa das Sementes MPA-Brasil | Indústrias extrativas
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Ameaças, enganos, pressões e especulação imobiliária são os cimentos sobre os quais está previsto erguer o megaempreendimento Porto do Açú, no norte do estado do Rio de Janeiro no Brasil, do empresário mais rico desse país, Eike Batista.
Caso for concretizado, este megaporto será o maior da América do Sul. O projeto é também um resultado esperável da lógica extrativista que atinge o continente sul-americano, tido como uma pedreira de matérias primas para serem transformadas no norte industrial. Essa lógica inclue o “subsídio socioambiental” dos países do sul, que em nenhum caso é contabilizado como custo pelos investidores.
Procurando na internet podem se encontrar centenas de sites–em vários idiomas- que descrevem as características estruturais e econômicas do porto projetado. Porém, muito poucos falam sobre a violação de direitos humanos e o avassalamento territorial que está causando esta obra, que conta com financiamento público do governo federal através de várias agências de crédito, e apesar de ser um projeto não só do empresário mais rico de todo o Brasil, mais um dos dez mais ricos do mundo.
Está previsto que cerca de 350 milhões de toneladas circulem por ano por este porto, que caso for construído contará ainda com indústrias siderúrgicas, metalmecânicas, indústrias off-shore (livres de impostos), cimenteiras e serrarias. Todo isso sobre uma superfície de 90 quilômetros quadrados, território que ocupavam cerca de 1.500 famílias camponesas que vêm sendo expulsas sem parar há vários anos.
Mas a resistência também existe e Noemi Magalhaes, mulher de cinquenta anos que há um lustro é referente da luta contra o megaporto, é prova disso.
A meados de abril, Noemi percorreu o longo caminho desde seu município de São João Da Barra (Rio de Janeiro) até Anchieta (Santa Catarina) para buscar ajuda e solidariedade. E a encontrou. Seu caso foi apresentado a delegados internacionais participantes da Festa Nacional de Sementes Crioulas organizada pelo Movimento de Pequenos Agricultores do Brasil (MPA-Via Campesina).
Noemi, que conversou com Rádio Mundo Real não tem tempo para rodeios: o empresário Eike Batista, diz, abusou da fragilidade de uma comunidade de pescadores artesanais, semi-analfabetos em muitos casos, para “economizar” a realização de pesquisas de impacto ambiental e social de seu projeto. E ainda, para baratear o custo das terras que entre enganos e mentiras, foi adquirindo para seu projeto.
Crendo que protegem seus pequenos campos agrícolas, muitas famílias estavam na verdade assinando sua expulsão, muitas delas, ainda, sem indenização qualquer.
A “fragilidade” que conta Noemi tem base na cultura local segundo a qual o direito a posse e uso da terra não esta dada por um título de propriedade mas por uma história familiar de várias gerações de agricultores. “Nosso município possui uma história construída por nossos avós, nossos pais e agora somos expulsos de maneira truculenta”, disse Noemi.
Ativistas, comunicadores e universitários de vários países que ouviram as palavras desta lutadora anunciaram o início de uma campanha de difusão, sensibilização, denúncia e solidariedade para as famílias atingidas por este megaempreendimento.
Foto: Folha de São Paulo
Mais informação: http://portox.blogspot.com Veja imagensde expulsões de famílias da zona (Folha de São Paulo)
Foto: Folha de São Paulo
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