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12 de Maio de 2011 | Entrevistas | Soberania alimentar
No Brasil a crise alimentar, quatro anos atrás, teve um forte impacto, assim como em todo o mundo, pois foi o resultado de um modelo de alimentação industrial baseado na exploração do petróleo, orientada à produção de lucro e não comprometida com a soberania alimentar.
Assim foi afirmado por Itelvina Masioli, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) do Brasil e da CLOC- Via Campesina, em entrevista com Rádio Mundo Real.
A dirigente apontou que com essa crise, ocorrida em 2007/2008, tinha aumentado a fome e a miséria no Brasil, enquanto fortalecia-se o agronegócio para a exportação e produção de agrocombustíveis e as práticas de apropriação de terras, fatores esses que causaram a crise.
“As consequências são gravíssimas em nosso país e em todo o mundo, porque a questão não é a falta de alimentos; a questão é a concentração dos alimentos e esse modelo de produção de alimentos industriais que alimentam um modelo de consumo insustentável”, disse Masioli
Masioli afirmou, ainda, que as empresas transnacionais desempenham um papel fundamental nesse modelo, através do controle absoluto da produção e comercialização dos alimentos. Isso resulta em um monopólio a favor dos grandes interesses do capital que apresentam alguns Estados nesse processo, pois muitas vezes eles financiam essas empresas, ao invés de desenvolver uma política pública que procure fortalecer a agricultura camponesa.
Diante dessa situação, a soberania alimentar e a reforma agrária se apresentam como a solução para estabelecer um modelo alternativo de produção e de sociedade. Masioli destacou que a melhor alternativa é a organização e a luta do povo, a prática da diversificação da produção, a promoção dos mercados locais e da soberania alimentar como política pública.
Para tal fim, realizaram-se várias atividades destinadas a desenvolver um processo de formação e conscientização da sociedade sobre o significado da soberania alimentar, para garantir a soberania dos povos.
No Brasil, esse processo foi aplicado fortalecendo os mercados locais e realizando projetos sobre como organizar as cooperativas do agro, e assim as comunidades voltaram a ter a função social da produção dos alimentos, através da relação direta com os consumidores.
Como resultado da pressão exercida pelo movimento camponês, o governo federal brasileiro aprovou uma norma que estabelece que, no mínimo, 30% dos alimentos das escolas tem de provir diretamente da agricultura camponesa, entre outras vitórias em nível institucional atingidas pelo movimento.
Esses são apenas alguns exemplos da luta dos camponeses e camponesas para promover a soberania alimentar, democratizando o acesso dos povos aos bens da natureza.
Foto: http://www.mst.org.br/
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