13 de junio de 2011 | Noticias | Justicia climática y energía
O Banco Mundial bateu em 2010 um novo recorde em matéria de financiamento de combustíveis fósseis, com empréstimos por um valor de 6,6 bilhões de dólares, 116 porcento a mais do que em 2009. Dessa quantia, 4,4 milhões foram investidos em projetos associados ao carvão, o que também significou um aumento recorde, de 365 porcento em comparação com o ano anterior.
As cifras surgem de um novo relatório publicado por Amigos da Terra Internacional, no sábado em Bonn, Alemanha, onde as Nações Unidas realizam uma nova rodada de negociações internacionais sobre mudança climática (6-17 de junho). O estudo denomina-se “Banco Mundial: catalizador da mudança climática devastador”* e a federação ambientalista lançou-o em uma das atividades paralelas às negociações. Rádio Mundo Real está presente em Bonn.
O Banco Mundial está se posicionando internacionalmente com um dos atores fundamentais do chamado “financiamento climático”. De fato, na última Conferência das Partes (COP 16) das Nações Unidas sobre mudança climática, realizada em dezembro em Cancún (México), negociou-se a criação do Fundo Verde para o Clima e o Banco Mundial foi designado seu fideicomissário inicial. A instituição também busca um papel influente nos mecanismos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação das Florestas nos países em desenvolvimento (REDD).
Diversos movimentos e organizações sociais dos cinco continentes têm se oposto ao fato de que a entidade financeira seja a que controle os fundos para adaptação e mitigação da mudança climática.
O relatório da Amigos da Terra Internacional mostra que o Banco Mundial investe cada vez mais em combustíveis fósseis e promove falsas soluções empresariais à crise do clima, como os mercados de carbono, que permitem que os países industrializados se livrem de suas obrigações de redução de emissões. Ao mesmo tempo, a instituição financeira internacional continua apoiando a instalação de grandes usinas hidrelétricas, apesar de seus graves impactos ambientais e sociais.
“O Banco Mundial faz parte do problema climático, não de sua solução”, afirmou o coordenador do programa de Justiça Econômica da Amigos da Terra Internacional, Sebastián Valdomir, em um um comunicado de imprensa divulgado no sábado pela federação ambientalista. “Seus péssimos antecedentes sociais e ambientais deveriam servir para desqualificá-lo automaticamente para qualquer participação na projeção do Fundo Verde para o Clima, e do financiamento para o clima em geral”, acrescenta Valdomir.
Em abril de 2008, o setor prestamista do Banco Mundial ao setor privado, a Corporação Financeira Internacional, aprovou um investimento de 450 milhões de dólares para a usina elétrica à carvão Tata Mundra (4.000 megawatts), situada na cidade índia de Mundra, estado de Gujarat, e que ainda não começou a funcionar. “Estima-se que a usina emitirá 25,7 milhões de toneladas por ano de dióxido de carbono durante 25 anos, pelo menos”, diz o novo relatório da Amigos da Terra Internacional.
Enquanto isso, para a África do Sul o Banco Mundial aprovou em abril de 2010 um empréstimo exorbitante de 3,75 bilhões de dólares, principalmente para financiar a usina elétrica à carvão Medupi (4.800 megawatts, situada em Lephalale, na província de Limpopo), que está sendo construída pela empresa pública de energia Eskom. Medupi também emitirá cerca de 25 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. O empréstamo do Banco Mundial neste caso significa, por exemplo, a abertura de 40 novas minas de carvão para alimentar a usina de Medupi e os projetos vinculados a ela , conforme a organização GroundWork - Amigos da Terra África do Sul.
“O Banco Mundial pretende mostrar liderança na luta contra a mudança climática, mas como demonstra este relatório, é um dos maiores financiadores de projetos de combustíveis fósseis sujos, comércio de carbono e mega-barragens”, disse no comunicado de imprensa a analista de Políticas de Amigos da Terra Estados Unidos, Kate Horner. Para a ativista, “Estas iniciativas agravam a pobreza e levam-nos à beira de um desastre ambiental mundial”.
Amigos da Terra Internacional exige que o financiamento para o clima seja obtido de contribuições orçamentárias e outras fontes inovadoras e não dos mercados de carbono. Recomenda, por exemplo, a instalação de impostos às transações financeiras dos países para obter fundos para a mitigação e adaptação da mudança climática, e exige que sejam os Estados industrializados os que mais contribuam, por serem os principais responsáveis pela crise atual.
* Baixe aqui o relatório completo em espanhol.
Foto: http://kairoscanada.org
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