28 de septiembre de 2012 | Entrevistas | Honduras libre | Acaparamiento de tierras | Anti-neoliberalismo | Derechos humanos | Luchadores sociales en riesgo | Soberanía Alimentaria
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No dia 22 de setembro foi assassinado a tiros o advogado do Movimento Autêntico Reivindicador Camponês de Aguán (MARCA), Antonio Trejo Cabrera, de 41 anos, perto do aeroporto internacional de Toncontín, na capital hondurenha, Tegucigalpa.
O advogado soma-se à lista de vítimas que abala o Valle del Aguán, no departamento de Colón, e outras partes do país. No dia seguinte do assassinato de Trejo, outros três camponeses foram vítimas de um atentado na zona de Aguán e levados feridos a um centro de saúde no município de Tocoa.
Trejo havia acompanhado as famílias de MARCA em sua luta para recuperar o direito de propriedade sobre três fincas (San Isidro, La Trinidad e El Despertar), que foram adquiridas de forma supostamente ilegal pelos latifundistas Miguel Facussé Barjum e René Morales Carazo.
No dia 29 de junho o Juizado de Letras de Tegucigalpa executou uma histórica sentença a favor das famílias camponesas. No entanto, a Corte de Apelações do departamento de Francisco Morazán e a da localidade de La Ceiba emitiram uma resolução que admitiu um recurso de amparo dos latifundistas, o que suspendeu os efeitos da sentença do Juizado de Letras capitalino. Conforme as organizações camponesas, as cortes que admitiram o recurso de amparo não tinham jurisdição para isso.
O porta-voz do Movimento Unificado Camponês de Aguán (MUCA), Vitalino Álvarez, disse ao correspondente da Rádio Mundo Real em Honduras, Francisco Molina*, que “o julgamento pela propriedade das três fazendas já tinha ganhado o advogado Trejo nos tribunais”. “O problema é que os encarregados de justiça neste país têm se encarregado de reativar um julgamento que não procede e pensam que com o assassinato esta luta se debilita, mas é tudo pelo contrário, haverá mais advogados que vão nos defender”, disse Álvarez.
Quando foi admitido o recurso de amparo de Facussé e Morales o advogado Trejo denunciou um suposto tráfico de influências e fortes pressões exercidas pelos latifundistas sobre o sistema judicial, com o objetivo de deter os avanços da luta camponesa.
O movimento camponês e organizações de direitos humanos de Honduras têm realizado acusações aos latifundistas Facussé e Morales como os prováveis autores intelectuais do assassinato do advogado Trejo. Facussé, de fato, é muito criticado pelas organizações camponesas hondurenhas e especialmente as de Aguán como o mentor de inúmeros assassinatos e crimes contra trabalhadores rurais na zona.
Em várias ocasiões Trejo denunciou ter recebido ameaçados de morte e responsabilizou aos latifundistas de Aguán de qualquer atentado contra sua vida. Em uma denúncia feita em junho ao Comitê pela Defensa dos Direitos Humanos em Honduras (CODEH), o advogado indicou que era possível que Facussé e Morales atentassem contra sua vida através de matadores de aluguel, porque os latifundistas sabiam que as demandas contra ele prosperavam e que os camponeses recuperariam as terras que lhes foram usurpadas ilegalmente.
Facussé tem negado publicamente seu envolvimento direto ou indireto com o assassinato de Trejo.
“Com o assassinato do companheiro Trejo, o objetivo é calar as vozes dos camponeses e complementar uma psicose de medo em toda a população”, disse Álvarez à Rádio Mundo Real.
Mais de 50 camponeses foram assassinados nos últimos dois anos e meio na zona de Bajo Aguán, em pleno contexto de conflito agrário e nos marcos de um governo sucessor da Ditadura de Roberto Micheletti e as Forças Armadas. Além disso, cerca de 80 profissionais das ciências jurídicas e sociais foram também assassinados em Honduras nos passados três anos.
* Francisco Molina é integrante do Movimento Madre Tierra – Amigos da Terra Honduras.
Foto: Francisco Molina
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