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21 de Novembro de 2012 | Notícias | Água | Missão Internacional de Solidariedade com comunidades atingidas por mega-projetos mineradores na América Central | Indústrias extrativas | Lutadores sociais em risco
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San José del Golfo e San Pedro de Ayampuc são duas populações próximas à cidade de Guatemala que têm sido atingidas pela exploração de ouro e prata. Desde 2000 está sendo realizada a atividade mineradora, e sem que a população soubesse disso até 2010.
Está presente nessa zona a Radius Gold Corporation, empresa canadense junto a a Explotaciones Mineras de Guatemala (Exmingua). Servicios Mineros de Centroamérica é a filial que faz o trabalho de convencimento da população e da chamada responsabilidade social corporativa.
Para Antonio Reyes, dirigente do processo de defesa do território, “não fazem mais do que se aproveitar da miséria das pessoas, e dos conhecimentos das pessoas, para convencê-los e que depois essas pessoas lhes apoiem”.
A concessão para a exploração é para 25 anos e tem uma extensão de 20 quilômetros quadrados, onde projetam cerca de 14 empreendimentos mineradores. Nessa extensão territorial está incluído San José del Golfo e a maior aldeia, a Choleña. Também ficam sob a concessão comunidades do município San Pedro de Ayampuc. Com o surgimento da exploração são colocadas em risco 5.000 famílias que dependem da agricultura para sua subsistência e que ficariam automaticamente sem trabalho, sem fontes para produzir seu alimento e sem a possibilidade de resolver suas necessidades básicas.
“A empresa mineradora vem a lhe oferecer desenvolvimento econômico para as famílias e as comunidades, e têm o descaramento de folhetos onde afirmam que trazem desenvolvimento econômico e que vão gerar 70 empregos durante 5 ou 7 anos. Depois vão embora, e as pessoas ficam sem emprego enquanto as 5.000 famílias que vivem da agricultura ficariam sem fonte de trabalho para toda a vida”, disse Reyes em entrevista com Rádio Mundo Real.
A água não é abundante na zona onde está o projeto de exploração, o que preocupa as comunidades organizadas contra a mineração, já que consideram incompatível esse projeto com a garantia de disponibilidade de águas e com a fertilidade dos solos. Os projetos de infra-estrutura, como asfaltamento de estradas, não teriam nenhum benefício comunitário, seriam realizados para a exploração e benefício d transnacional, enquanto que as águas desapareceriam.
“Uma companheira acompanhada por outras mulheres e outros companheiros iniciaram a resistência no dia 2 de março de 2012 […] vinha uma máquina e ela se indignou tanto de ver como eles impunemente e sem nos informar, sem o nosso consentimento estavam entrando e fazendo movimentos de terra e desmatamento, atravessou o carro e disse que não passariam, ali mesmo começou as pessoas começaram a se juntar ” contou Reyes. Para o líder comunitário, a indignação da população tem feito com que os diferentes grupos sociais e étnicos encontrassem um objetivo comum: querer viver, independentemente da bandeira política partidista, de religião, de grupo étnico ou de setor social, todas e todos querem viver e estão apontando para a conservação da água em quantidade e qualidade suficientes.
A medida que passam os meses de resistência e a comunidade organizada mantém o bloqueio da entrada à mina, a situação torna-se mais tensa, já que a empresa paga grupos de pessoas da região para que se enfrentem com os manifestantes, estratégia que pretende dividir a comunidade.
No entanto, a tensão vivida ali, e o interesse da população pela convivência entre as e os habitantes, Reyes indicou que vão se manter em luta e mobilização pacífica, “estamos totalmente convencidos de que é a única forma de que o governo e os mineradores não façam o que queiram fazer, e estamos convencidos totalmente de que temos direito à fazê-lo legalmente, e estamos convencidos que não nos importa morrer [...] esperamos que não aconteça e se acontecer, não importa porque isso o que faria é fortalecer mais a resistência”.
Foto: Víctor Barro
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