O que você vê é um arquivo histórico.
Pedimos voluntários para trabalhar com a nova tradução na web.
13 de Abril de 2010 | Notícias | Direitos humanos | Indústrias extrativas
Baixar: MP3 (2.5 Mb)
Um novo massacre contra mineradores artesanais no departamento de Cauca na Colômbia cometido nesta semana é divulgado pelos aparelhos “informativos” colombianos como produto de uma rixa entre comunidades locais, apesar dos depoimentos falarem da responsabilidade de forças militares e da pressão das transnacionais que ali operam.
A região dos departamentos de Valle del Cauca e Cauca na Colômbia conta com um grande número de assentamentos afrodescendentes ancestrais à beira dos rios, descendentes das populações escravas nas fazendas de cana e os engenhos da região.
A construção de uma barragem, “Salvajina” da trasnacional espanhola Union Fenosa, sobre o rio Ovejas, provocou o deslocamento de cerca de 3 mil pessoas de várias comunidades afrodescendentes do lugar. Por outro lado, mineradoras transnacionais como a Anglo Gold Ashanti receberam concessões sem realizar a consulta às comunidades.
As terras que antes ocupavam somaram-se à monocultura de cana para açúcar e etanol, enquanto que as comunidades têm se dedicado como meio de subsistência à mineradora artesanal, “entorpecendo” com isso os planos expansivos das transnacionais associadas à capitais locais.
No município de Suárez, a comunidade do conselho comunitário de La Toma vem sofrendo situações que ameaçam a com a expulsão de sua população, além das ameaças aos líderes que impulsionam o processo de defesa do território frente às empresas multinacionais, tanto hidreléctricas quanto mineradoras.
De fato, o regime de Álvaro Uribe vem entregando licenças e títulos mineradores de prospecção e exploração a estrangeiros e empresas internacionais como Anglo Gold Ashanti e Cosigo Resort, sem realizar o processo de consulta prévia e consentimento prévio livre e informado que obrigatoriamente deve ser cumprido em territórios de afrodescendentes, como estabelece o convênio 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Se bem as ameaças e amedrontamentos a líderes locais de militares e paramilitares (chamados “Águilas Negras”) são frequêntes, no dia 7 de abril transformaram-se numa cruel realidade.
Na tarde desse dia, numa mina de ouro à beira do rio Ovejas, em território do conselho comunitário La Toma, foram assassinados oito mineradores e um ficou ferido.
Conforme versões do sobrevivente, os asassinos chegaram dizendo que não tinham por que estar nesse lugar e sem dizer mais nada começaram a atirar neles.
Para as testemunhas e membros de organizações de Direitos Humanos que trabalham na zona são inverossímeis as versões que afirmam que o massacre contou com colaboração de forças guerrilheiras, já que trata-se de uma zona “sob absoluto controle militar” desde a construção da hidrelétrica “Salvajina” e o Exército domina tudo o que ali acontece.
Em entrevista com a emissora alternativa “Contagio Radio”, uma líder local descreve a situação e expressa sua preocupação pelas crescentes ameaças recebidas por integrantes da organização afrodescendente Processo de Comunidades Negras (PCN), que ali trabalham.
Isto tem provocado um deslocamento dos líderes dessas comunidades deixando-as numa situação indefesa sobre a qual alerta-se à comunidade internacional.
“O que diz o jornal El Espectador e a cadeia Caracol sobre as disputas entre comunidades não é verdade e queremos esclarecê-lo à opinião pública”, afirmou a líder desmentindo as versões “oficiais” sobre estes crimes.
Foto: www.elpais.com.co
Rádio Mundo Real 2003 - 2018 | Todo material publicado aqui está sob licença Creative Commons (Atribuição - Compartilhamento pela mesma Licença). O site está construído com Spip, software livre especializado em publicações web... e feito com carinho.