5 de diciembre de 2012 | Entrevistas | Víctimas del cambio climático | COP 18 de Cambio Climático | Anti-neoliberalismo | Derechos humanos | Industrias extractivas | Justicia climática y energía
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“Da hecatombe provocada pelo furacão Sandy até as inundações devastadoras na Nigéria, o impacto da mudança climática está à vista de todos e é cada vez mais frequente. As emissões de dióxido de carbono têm atingido um nível recorde, e vamos rumo a um nível de aquecimento atemorizante de 6 graus”, disse a coordenadora internacional do programa Justiça Climática e Energia da Amigos da Terra Internacional (ATI), Sarah-Jayne Clifton.
Em um comunicado da federação ecologista da sexta-feira pelo começo da XVIII Conferência das Partes (COP 18) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQMC), em Doha, capital de Qatar, Sarah manifestou: “lamentavelmente os países desenvolvidos, liderados por Estados Unidos, estão acelerando a destruição do marco internacional mundial para tomar medidas justas e urgentes em relação ao clima”.
“E a maioria dos governos continua apoiando e promovendo as políticas que estão provocando a crise climática, desde a extração de combustíveis fósseis como o petróleo e o gás, ao comércio de carbono, os agrocombustíveis, a agricultura industrial em grande escala e as plantios de ‘desertos verdes’”, disse a ativista.
Rádio Mundo Real entrevistou na segunda-feira Sarah para conhecer as linhas gerais da ATI face a estas novas negociações sobre mudanças climáticas nas Nações Unidas (ONU).
No comunicado “Negociações da ONU: falta de progresso necessário”, a federação ecologista, das maiores do mundo, com presença em cerca de 80 países, expressou forte preocupação em relação à persistente falta de avanços dos países desenvolvidos, “que são os que deveriam liderar os esforços por deter a devastação climática e evitar as mudanças climáticas catastróficas”.
Conforme a federação, os países desenvolvidos (presentes no Anexo I da CQMC) são responsáveis por três quartas partes das emissões históricas de gases de efeito estufa, apesar de contar com apenas 15 porcento da população mundial. “Devido a sua responsabilidade histórica na mudança climática, têm a obrigação moral e legal, em relação a CQMC, de reduzir suas emissões em primeiro lugar e de fornecer financiamento público adequado para que os países em desenvolvimento tomem medidas para combater a mudança climática”, destaca o comunicado.
Na COP 17, realizada no ano passado em Durban, África do Sul, os países concordaram em que em 2015 seria lançado um novo tratado para tomar medidas em relação ao clima, que provavelmente não entraria em vigor até 2020. A nova rodada de negociações para esse acordo, conhecida como “a Plataforma de Durban”, começará as negociações em Doha e deve finalizar seu trabalho em 2015. Existe um grande risco de que essa Plataforma adie por dez anos a mais a ação para reduzir as emissões, de que tenha poucas ambições e ignore os princípios de equidade e justiça no marco mundial de “luta” contra a mudança climática. Entre outras coisas, os países desenvolvidos visam eliminar suas obrigações de redução de emissões contaminantes, que têm sob o Protocolo de Kioto, para passar a um sistema de “promessas” de reduções e posteriores revisões.
Estados Unidos, Austrália, Canadá e Japão são os principais atores que estão impedindo o progresso nas negociações sobre clima na ONU. A União Europeia prometeu uma meta de redução de emissões que permitirá que as emissões continuem aumentando, e continuem promovendo a expansão do comércio de carbono, “um engano perigoso que somente beneficia as empresas e as elites financeiras”.
“Muitos governos parecem dispostos a participar das negociações de Doha para promover um debilitamento ainda maior do marco de redução de emissões em nível mundial, enquanto que em nível nacional continuam apoiando a expansão das falsas soluções à crise climática”, denunciou ATI.
Conforme a federação ecologista, as emissões mundiais terão que atingir seu nível máximo por volta de 2015, para ter possibilidades de diminuir as emissões a tempo em níveis seguros, e assim evitar um mudança do clima catastrófica e irreversível, com níveis de destruição, insegurança e sofrimento sem precedentes.
O poder dos interesses criados e das empresas multinacionais e sua influência nas políticas dos governos e nos processos da ONU são também um dos principais motivos do fracasso das negociações. Cerca de 400 organizações e movimentos sociais de diversas partes do mundo denunciaram há vários meses a cooptação empresarial como a principal causa do fracasso das negociações multilaterais sobre meio ambiente. Apresentaram demandas claras à ONU para ajudar a deter a influência excessiva e prejudicial das empresas nos processos como as negociações de mudanças climáticas. Até o momento a ONU não tem fornecido uma resposta pública.
“É essencial poder combater sua influencia -das corporações transnacionais- para desbloquear o estancamento” das negociações de clima, considera a ATI.
Por sua vez, o campanhista de clima Asad Rehman, da Amigos da Terra Inglaterra, Gales e Irlanda do Norte, afirmou que “ATI está exortando aos governos que estão em Doha para que de uma vez por todas percebam a realidade da crise climática e realizem o avanço urgente que é preciso, sobre a base de uma ação pelo clima justa e ambiciosa: redução de emissões conforme a ciência e a equidade; financiamento público adequado para apoiar a ação pelo clima nos países em desenvolvimento; avanço em relação à transferência de tecnologia; e pôr fim ao comércio de carbono”.
“Todas estas medidas são necessárias para avançar rumo à transformação de nossas economias, para promover alternativas reais de energia sustentável e soberania alimentar, e para reduzir as emissões ao tempo que é melhorada a saúde e o bem-estar de todos”, destacou Asad Rehman.
Foto: http://www.foe.co.uk
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