13 de julio de 2010 | Entrevistas | Consulta Regional de OSC para la Tenencia de Tierra y Recursos Naturales | Soberanía Alimentaria
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Michel Merlet é integrante da AGTER, uma associação com sede na França que visa contribuir a melhorar a governança da terra, da água e dos recursos naturais. Como explicou o próprio Merlet, trata-se de uma associação que nasceu há cinco anos com o objetivo de favorecer a formulação de propostas e de idéias de novas políticas para enfrentar os grandes desafios globais em relação à gestão da terra e dos recursos naturais no mundo.
Merlet contou à Rádio Mundo Real, o trabalho que AGTER vem realizando neste campo, onde têm encontrado enormes desafios, e considerou que a iniciativa da FAO quanto a apoiar uma discussão global sobre Diretrizes Voluntárias era interessante, para poder "generalizar um debate sobre aspectos cruciais". Quanto ao processo particular que estava ocorrendo em Roma, indicou que uma das conclusões que estava sendo imposta era que ia ser necessário ir além de diretrizes de caráter voluntário, e que "não vai bastar com um manual para que os países tomem boas decisões".
"Vai ter que criar uma correlação de força em nível mundial para que possam ser impostas mudanças, particularmente através de um sistema jurídico mundial que não seja somente facultativo, para que as decisões que arriscam a sobrevivência da humanidade possam ser castigadas por uma instância de um tribunal internacional", afirmou a entrevista, e acrescentou: "se não o fizermos assim, vamos deixar passar muito tempo, e os processos atuais de concentração de terra, de acumulação de enormes quantidades de terra -são dezenas de milhões de hectares que têm passado das mãos, do controle das comunidades, dos grupos indígenas, dos camponeses, às mãos de grandes empresas nos últimos anos- têm consequências irreversíveis, então não podemos esperar que todos os países queiram fazer ’boas’ políticas, ou estipular ’boas’ governanças. É uma luta que deve-se vencer rapidamente. E por isso vai ter que ir além de diretivas voluntárias, obrigatoriamente".
Merlet falou da dimensão econômica que tem esta discussão, e indicou que era necessário analisar qué decisões de investimentos são capazes de aumentar a criação de riqueza em nível mundial, e quais outros investimentos são "meros roubos" de riquezas naturais, ou uma forma de aproveitar que não existem impostos.
"Muitas destas produções em grande escala não existiriam se a gente tivesse que pagar impostos reais e normais que permitiriam que só aproveitassem a riqueza que têm realmente produzido, e não a riqueza que têm capturado e que nos pertencia a todos", concluiu .
Foto: Rádio Mundo Real
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