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8 de Dezembro de 2010 | | |

Guardiões de vida

As vozes dos povos em seu ponto mais alto em Cancun

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O reconhecimento dos direitos dos povos e o cuidado da natureza para evitar o agravamento da crise ambiental são temas que preocupam os movimentos sociais que participam das atividades paralelas à COP de Clima em Cancun.

Esses temas estiveram em debate na terça-feira na assembleia dos movimentos realizada nessa cidade, perto do Hotel Moon Palace, onde são feitas as negociações oficiais.

“Vamos vir basicamente para que se reconheçam nossos direitos e não se colocam em risco nossos territórios”, disse à Rádio Mundo Real o dirigente Miguel Palacín, da Coordenadora Andina de Organizações Indígenas (CAOI), antes de começar a assembleia.

A CAOI tem participado em Cancún do Fórum Internacional dos Povos Indígenas sobre Mudança Climática (Caucus Global), com delegações que representam mais de 360 milhões de pessoas.

Palacín manifestou que “os povos indígenas temos direito ao consentimento livre, prévio e informado” dos projetos que pretendem-se instalar em seus territórios.

O dirigente indígena considera que deve-se fazer com que os países desenvolvidos reduzam suas emissões contaminantes antes de pensar em outras soluções à mudança climática.

Também referiu-se ao mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação das florestas nos países em desenvolvimento (REDD). “Rejeitamos REDD porque pretendem diante da crise climática fazer negócios para as multinacionais”, disse Palacín. “Querem fazer um fundo e que os camponeses e indígenas se transformem em guarda-parques, não pensam em nosso desenvolvimento”, destacou.

O representante da CAOI falou conhecimento tradicional dos povos indígenas como ferramenta para lutar contra a mudança climática. “Temos um vasto conhecimento, somos os que temos conservado a Pachamama até hoje e queremos que isso seja o instrumento para resolver esta crise, e não os negócios”. Palacín disse estar “decepcionado” pelo processo de negociações da ONU e destacou que “qualquer acordo deve ter a efetiva e plena participação nossa”.

Enquanto isso, Soniamara, do (MAB), foi a encarregada de fazer a primeira oratória em representação da Via Campesina na assembleia dos movimentos sociais.

A dirigente lamentou-se porque somente os países da Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA) têm posições progressistas nas negociações, porque têm “outro projeto alternativo de vida”. Considerou que o sistema capitalista está numa crise muito grande e precisa “fazer outras coisas para ter lucro”. Por isso “estão tentando fazer com que o clima acabe sendo uma mercadoria”, disse.

A representante da Via Campesina afirmou que os povos são “a saída” à crise do clima, “porque historicamente cuidamos e defendemos a Mãe Terra e os direitos de todos os povos do mundo”. “As sementes que existem hoje, a água, a terra, as cuidamos nós como a nossa vida. Somos os guardiões da biodiversidade da humanidade”.

Soniamara reivindicou a luta em defesa da natureza e considerou que há necessidade de articulação dos movimentos sociais e o desafio de trabalhar forte em nível nacional. “Temos alguns desafios ao voltar para nossos países, de articulação dos movimentos sociais, para a formação política de nossos jovens, de nossos quadros”, manifestou Sonia. “Fazemos um compromisso de que quando cheguemos em nossos países daremos nossas vidas, nosso sangue para salvar as próximas gerações”, destacou.

Foto: Rádio Mundo Real

(CC) 2010 Radio Monde Réel

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