O que você vê é um arquivo histórico.
Pedimos voluntários para trabalhar com a nova tradução na web.
15 de Abril de 2010 | Notícias | Direitos humanos
Baixar: MP3 (2 Mb)
Perverso e covarde. Esses são os termos que utiliza a sentença judicial para definir a pessoa que alguns páragrafos depois condenaria a trinta anos de prisão: o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura –conhecido como Bida-, responsável pelo assassinato da freira estadunidense Dorothy Stang, em fevereiro de 2005 no estado do Pará, ao nordeste do Brasil.
Organizações religiosas, militantes sociais e grupos ambientalistas celebraram a esperada resolução judicial. O crime de Stang foi cometido numa das regiões do Brasil com altos níveis de violência no campo e até agora a impunidade havia se transformado num costume. O triste episódio tem se transformado, ainda num símbolo da luta pela terra.
“Foi feita justiça. Minha irmã estaria muito feliz, porque ela acreditava no sistema judicial brasileiro”, disse na saída do juízado David Stang, irmão de Dorothy que mora nos Estados Unidos e que viajou para Belém, capital do estado, para ouvir a sentença.
Um dos juízes destacou que a atitude de Bida “nega a própria racionalidade humana”, enquanto que definiu a vítima como um “anciã indefesa” que foi covardemente assassinada com seis tiros na cabeça.
O julgamento demorou quatorze horas e agora chegará a vez de Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como Taradão, que está acusado de ser cúmplice de Bida neste caso de homicídio duplamente qualificado. Ambos seriam os encarregados de contratar matadores de aluguel para cometer o crime e prometer-lhes em troca uma recompensa, conforme o site do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A freira nacionalizada brasileira pertencia à Missão das Irmãs de Notre Dame de Namur e era admirada no Pará por seu trabalho como defensora dos direitos humanos. Desde a sua chegada a estes em 1972, também ganhou a antipatia dos latifundistas por denunciar crimes ambientais e abusos trabalhistas nas fazendas amazônicas.
Pouco tempo depois de sua morte, o fazendeiro Francisco Alberto de Castro, presidente do Sindicato de Pecuaristas do Pará, foi consultado por uma enviada especial do jornal argentino Clarín sobre o homicídio.
“Estão transformando em mártir uma freira que invadia terras, uma mulher que criava desordem. Ela era o maior problema que tinha a região”, afirmou Castro naquele momento, como se quisesse “matá-la de novo”, conforme afirmou a correspondente.
O artigo contava que na noite do assassinato os “ricos” dessa região do Brasil lançaram fogos de artifício e convidaram com cerveja os que estavam nos bares. Tudo isto aconteceu na localidade de Anapu, que a enviada de Clarín descrevia como “terra de ninguém” onde a única lei imperante “é a do calibre 38”.
Rádio Mundo Real 2003 - 2018 | Todo material publicado aqui está sob licença Creative Commons (Atribuição - Compartilhamento pela mesma Licença). O site está construído com Spip, software livre especializado em publicações web... e feito com carinho.