24 de febrero de 2014 | Entrevistas | VI Congreso MST-Brasil | Soberanía Alimentaria
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Filho de pequenos camponeses sem terra, soma-se ao Movimento dos Sem Terra (MST) em uma ocupação de terras já no ano seguinte de gestado o movimento, em 1984. Hoje integra a diretiva nacional do MST. Em entrevista para Rádio Mundo Real realizada por Viviana Rojas (integrante da equipe de comunicação da Via Campesina Internacional), Gilmar Mauro comparte um análise sociopolítico sobre a história e o papel social, econômico e político que tem o movimento ao que pertence.
Na entrevista realizada nos marcos do VI Congresso do MST, realizado de 10 a 14 de fevereiro, o dirigente considerou que o encontro foi um “espaço importante de formação, de luta, de articulação; porque há uma dificuldade muito grande para que nos juntemos todos permanentemente, por motivos geográficos e econômicos”.
O fato de que o movimento esteja completando 30 anos é visto por Gilmar em si mesmo como uma vitória: “É a organização camponesa que mais tempo durou, outras foram destruídas, principalmente, pela ditadura militar de 1964”. Este momento está sendo de resgate e avaliação, ao mesmo também visando o futuro: “Nós resgatamos a história dos movimentos camponeses, e também temos nossa história, e é a partir dela que estamos fazendo uma avaliação dos avanços que tivemos e dos erros, e desafios políticos que temos por diante.”
Unir lutas econômicas e políticas
Entre as conquistas que destaca Gilmar com contundência: “Creio que a vitória mais importante que vitória é o de resgatar a dignidade de um povo”. Esta dignidade passa, entre outras coisas, por lutar para que os camponeses e camponesas se transformem em sujeitos políticos: “Conseguimos construir uma organização social mantendo um rumo político. Isso nos deu as condições para fazer a luta econômica imediata: a luta pela terra, por empréstimos, por lares; mas conjugada com um processo de formação e uma luta política.”
Pensar, ou levar a cabo, de forma separada a luta econômica e política dirigente, representa uma separação “pro burguesa”: “em primeiro lugar porque impede que as pessoas na luta econômica imediata tenham acesso a um determinado grau de consciência e se transformem em sujeito político. Em segundo, o partido político desligado das questões reais do povo, se transforma em burocracia”.
Ao falar sobre os diferentes componentes que integram a construção de uma reforma agrária popular, Gilmar Mauro utilizou o prato típico do Brasil, a feijoada, como metáfora: “A feijoada tem como ingrediente principal o feijão, e são acrescentados diferentes temperos e carne de porco. Não se pode fazer uma feijoada sem feijão, mas uma feijoada só com feijão, fica com pouco sabor. Assim é a reforma agrária. Não se pode pensar em uma distribuição fundiária só distribuindo a terra. A terra é o ingrediente principal, mas além da terra, tem que ter formação, capacitação, cooperativas, agroindústrias, escolas, ir tentando erradicar o analfabetismo nas áreas de assentamento, investir em formação política, em comunicação, etc.”
Todos estes componentes têm sido objeto de uma forte aposta do MST em todos estes anos, e o processo de organização do movimento tem lhe permitido ter importantes conquistas em todas as áreas mencionadas, conforme Gilmar.
Ouça a entrevista completa no arquivo anexo
Imagen: mstsergipe.blogspot.com
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