“Os Estados Unidos estão agindo literalmente como um matador de aluguel, impondo à força aos países empobrecidos a firma de um tratado ineficaz e injusto que deixa o mundo longe de um acordo válido pelo clima”, disse a analista Kate Horner, da Amigos da Terra Estados Unidos, num comunicado de imprensa divulgado na segunda-feira.

“A administração Obama (Barack, presidente estadunidense) está castigando a Bolívia por se levantar como líder de um movimento pela justiça climática e ambiental. A Bolívia tem desafiado as práticas habituais dos países industrializados ao exigir uma compensação para os estados empobrecidos para enfrentar uma crise climática que eles não têm causado”, acrescentou.

A XV Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, celebrada em Copenhague em dezembro de 2009, teve várias negociações “por baixo da mesa”, de forma oculta e, portanto, de forma anti-democrática. É que os países industrializados buscaram através de todo os meios “matar” o Protocolo de Kioto de 1997, que os obriga a reduzir de emissões contaminantes.

Os estados ricos devem ainda financiar os trabalhos de adaptação e mitigação da mudança climática no Sul global e transferir tecnologia para que possa se desenvolver de forma sustentável. O mundo industrializado não quer cumprir estes compromissos antes assumidos. Por isso, os Estados Unidos promoveram o Acordo de Copenhague, que não estipula metas concretas de redução de emissões.

De fato, 82 países rejeitam esse acordo pela falta de propostas e compromissos importantes de redução de emissões e de apoio financeiro para pôr fim à mudança climática. Venezuela, Nicarágua e Cuba, por exemplo, rejeitaram-no assim como a Bolívia. Até agora são 110 os estados firmantes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática que assinaram o convênio ou disseram que o farão.

Se bem falta a aprovação do parlamento dos Estados Unidos, a administração Obama decidiu retirar a assistência econômica à Bolívia e ao Equador.

“Existem fundos que foram estabelecidos num acordo em Copenhague e os Estados Unidos vão usar seus fundos para dar assistência aos países que mostraram interesse em ser parte do acordo”, disse ao jornal estadunidense Washington Post o enviado do departamento de Estado, Todd Stern.

Horner disse que “os países industrializados como Estados Unidos deveriam seguir o exemplo boliviano e começar a trabalhar para recuperar a confiança que se perdeu em Copenhague”. A integrante da Amigos da Terra Estados Unidos acrescentou que “o que acontece com a administração de Obama é especialmente grave dada o escasso financiamento que os Estados Unidos tem dado aos países empobrecidos para enfrentar a mudança climática, por não mencionar que não têm se recortado nossas emissões internas”.

Foto: Radio Mundo Real