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2 de mayo de 2012 | | |

Estado em extinção; mercado sem ética

Entrevista com Sebastián Piñeiro, pesquisador referente dos movimentos sociais no Brasil

Com 65 anos de idade e vários títulos universitários em seu histórico –dentre eles o de agrônomo e engenheiro florestal- o professor Sebastián Piñeiro propõe como objetivo militante poder prever, a partir de uma análise científica com compromisso social, as tendências globais do capital para “inverter o vetor de dominação”.

Piñeiro foi um dos palestrantes na quinta-feira no dia 19 de abril no seminário de capacitação camponesa que se realiza antes da V Festa Nacional das Sementes Crioulas do Movimento de Pequenos Agricultores do Brasil, que faz parte da Via Campesina.

Essa jornada, na cidade Anchieta, esteve centrada no conceito de "soberania alimentar"; na sexta-feira, encerrando o evento, foram realizadas conferências vinculadas à agrobiodiversidade.

Na sexta atuaram vários músicos populares, dando início a uma feira onde participam milhares de camponeses de todo o Brasil, além de delegações internacionais, compartilhando sementes. Dentre esses músicos destacou-se Zé Ramalho.

Sebastian Piñeiro realiza uma leitura da conjuntura mundial onde os Estados nacionais tendem a desaparecer não pela simples generalização das comunicações e os mercados, mas pela substituição dos sistemas políticos eleitorais pelas corporações transnacionais.

“Deve-se perceber o presente, o passado e o futuro e realizar uma projeção a cem anos. O capitalismo é pródigo, tem a publicidade, tem as leis, a gente, a corrupção e a cobiça. Então trabalhando com os camponeses, com educação para as crianças, restaurando a sabedoria camponesa, podemos obter uma resistência que enfrente isto de igual a igual”, diz Sebastian.

Para o engenheiro “O capitalismo não permite aos Estados nacionais aplicar seus políticas sociais, eis aí o mais perverso. Se um país realiza uma reforma constitucional em defensa da água para sua população, a Organização Mundial do Comércio deixa ela sem efeito e os governantes ficam de mãos amarradas”.

Sebastian indica que o principal desafio para aqueles que enfrentam o capital e sua lógica de desapossamento é estudar a China como potência emergente e potencial reprodutora da lógica dos impérios em decadência como Estados Unidos e Europa.

Na lógica do capital, são os desapossados pelo sistema aqueles que podem oferecer alternativas éticas que o mercado não cobre, afirma o pesquisador e ativista, rejeitando a equiparação entre “valor” e “preço”.
Sebastián Piñeiro, um jovem de 65 anos propondo uma rebelião pacífica e camponesa, e estudando a tempo completo o capitalismo para enfrentá-lo.

Foto: Radio Mundo Real

(CC) 2012 Radio Mundo Real

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