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22 de Janeiro de 2010 | Notícias | Anti-neoliberalismo | Direitos humanos
Embora o desastre humanitário que significou o terremoto para o povo do Haiti tem tingido de caridosas intenções as retóricas dos mandatários das potências mundiais, os planos de reconstrução voltam a pôr no debate a política de livre comércio da União Européia em benefício de suas corporações transnacionais.
É o que está denunciando a campanha “Quem deve a quem?”, onde há meia centena de organizações que exigem a anulação imediata e incondicional da dívida que mantém o Haiti com o bloqueio europeu e com organismos financeiros globais como o FMI ou o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Rádio Mundo Real conversou com Edith Pérez Alonso, de Ecologistas en Acción e integrante de “Quem deve a quem?”, sobre o pedido feito à reunião de chanceleres europeus em Bruxelas alguns dias atrás.
“Além de cancelar esta dívida não pode ser feitos planos de reconstrução que signifiquem um novo endividamento para o Haiti”, disse Edith, que destacou ainda que a demanda de anulação da dívida odiosa e ilegal –ao ter sido contraida sobretudo sob o regime ditatorial de Duvalier- é prévia à catástrofe do terremoto.
“Quem deve a Quem?” considera que é responsabilidade da UE agir de forma coerente para que o povo do Haiti possa reconstruir o país e possa forjar um futuro soberano.
Neste sentido, afirma que a resposta em forma de ajuda humanitária deve ser generosa e imediata, mas também de qualidade. Assim, os recursos destinados à ajuda de emergência e a reconstrução devem ser desvinculados dos interesses comerciais dos doadores, que não produzam um novo endividamento e livres de qualquer
condicionalidade.
O governo da Espanha, como titular da UE durante este semestre, deveria cumprir um papel nítido sobre isso, além de cancelar sua própria dívida bilateral com o país caribenho, disse a integrante de Ecologistas en Acción.
Profundas divergências
A integrante de “Quem deve a quem?” diferenciou a proposta desta campanha da intenção manifestada pelo governo francês de perdão da dívida haitiana.
“Até onde eu sei não tem havido uma respuesta oficial de Bruxelas a estas propostas”, disse finalmente Edith que informou que a situação de reconstrução no Haiti estará presente no fórum alternativo à cúpula de presidentes da América Latina e a UE previsto para maio próximo em Madri.
Foto: Red Cross Flickr
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