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6 de Janeiro de 2011 | | |

Combatendo a “descamponesação”

Mariano Pancar e Mercedes Guacho: a experiência agroecológica na comunidade camponesa de Alto Columbe (Equador)

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Associação e rotação de cultivos, independência dos insumos químicos, conservação da semente, compartilhar conhecimentos, fortalecer o núcleo familiar, não vender as terras, “que o nosso dinheiro não seja para os ricos”, apostar na soberania alimentaria.

Com estes conceitos e a convicção de que a constituição equatoriana deve se tornar realidade cedo ou tarde no meio rural, vivem e resistem os integrantes da comunidade Alto Columbe, a uma hora e meia da cidade de Riobamba, província de Chimborazo.

Dentre eles estão Mercedes Guacho e seu esposo, Mariano Pancar.
Quando ambos receberam Rádio Mundo Real em sua casa, a 3.000 metros de altura, em zonas intensamente produtivas, mostraram com orgulho a os potreiros para o gado, trabalhos em agroflorestamento, sistema de terraços, a implementação de cultivos associados tradicionais e revalorizados, alguns deles quase desaparecidos na zona de Alto Columbe.

Mariano lembra que dessa forma trabalharam seus antecessores, mas que por causa do pacote tecnológico da revolução verde, a zona foi se tornando menos rica em cultivos e mais dependente de insumos caros que transformavam de fato os fornecedores em “sócios” do trabalho difícil dos camponeses.

Em sua casa existe fiação elétrica, mas sem conexão. Mesmo assim o que verdadeiramente preocupa esta comunidade é a falta de um sistema de irrigação que lhes forneça água para seus meses de cultivo e colheita.

Os quatro tradicionais meses de chuvas têm se reduzido a dois e neles as chuvas tornaram-se mais violentas e copiosas, tornando ineficazes as práticas tradicionais para mitigar a erosão dos solos inclinados.

Na região andina equatoriana as fontes de água provêm da zona de paramos, superando os 3.600 metros de altitude. No entanto, o florestamento com espécies exóticas como pinos e eucalipto ou a ampliação da fronteira agrícola até essas regiões tem provocado o empobrecimento dessas bacias, fazendo com que a possibilidade de irrigação torne-se cada vez mais cara, remota e inconstante, indicam Mariano e Mercedes.

“Nas cidades existe muita influência dos armazéns, supermercados e estão sendo impostas a alimentação ’lixo’, ’quase pronta’”, reflete Mariano.
“Com os camponeses cultivando pode se ter o melhor alimento para a humanidade, mas é preciso tomar de consciência e existem más influencias no país” que não defendem a produção familiar camponesa, afirma este indígena camponês equatoriano.

O terreno de Mariano e Mercedes faz parte do Comitê de Granjas Agroecológicas que trabalha há vários anos tentando resgatar os saberes ancestrais e atualizar as práticas camponesas para a agroecologia como opção produtiva, mas também como mensagem política, de resistência frente a la “descamponesação” do meio rural, o avanço das monoculturas para agrocombustíveis (palma africana, cana de açúcar) e também a desertificação humana das regiões de sua província diante da penetração de mega-projetos mineradores ou de florestamento.

Mercedes Guacho, por sua vez, destaca a importância de que o exemplo da mudança de sistema produtivo em sua comunidade possa ser compartilhada para somar famílias a este movimento crescente.

Comenta que são muitas as famílias que ao ver as mudanças em seu terreno, como a incorporação de plantas medicinais para cuidar seus “guaguas” (filhos pequenos) mostram-se interessadas em deixar de ser assalariados dos intermediários e melhorar a qualidade de vida própria e de suas comunidades

Foto: Rádio Mundo Real

(CC) 2011 Radio Monde Réel

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