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11 de Maio de 2012 | Entrevistas | Direitos humanos
Ontem, em rodada de imprensa, o Comitê de Unidade Camponesa, a coordenadora maya Waqib Kej e a organização Ceiba - Amigos da Terra Guatemala exigiram que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) verifique “urgentemente” as denúncias por violações de direitos humanos em Santa Cruz Barillas.
Neste município do departamento de Huehuetenando está decretado o Estado de Sitio desde o dia 1° de maio. A partir desse dia, o Exército e a Polícia Nacional Civil (PNC) têm realizado invasões domiciliares noturnas e detenções ilegais contra os moradores que se opõem a um projeto da empresa Hidro Santa Cruz.
A camponesa Francisca Hernández foi outra das denunciantes na conferência realizada na Guatemala, capital do país. Ela mora na aldeia de El Recreo, e contou que seu esposo, o professor Esteban Bernabé, está detido desde o dia 4 de maio.
Francisca não sabe por que seu marido continua preso, já que em nenhum momento lhe disseram quais eram as acusações contra ele. Parece claro que não cometeu delito algum e que a detenção tem a ver com o fato de que ele participou ativamente na consulta comunitária que manifestou seu repúdio ao projetoo extrativo. A camponesa advertiu que os planos de Hidro Santa Cruz terminarão “secando a terra e deixando sem comer às pessoas”.
Além de seu caso pessoal, Francisca contou qual é a situação em El Recreo desde que o presidente Otto Pérez Molina decretou o Estado de Sitio.
Contou, por exemplo, que todos os homens de sua comunidade foram embora: a metade está no México e o resto “não se sabe”. As mulheres que ficaram em suas casas estão em perigo, e já houve denúncias de estupros cometidos por militares.
Também lembrou que este tipo de situações lembra outras, que fazem parte da pior história do país. Em um lugar que Francisca conhece bem, chamado Piedra Blanca, houve em 1982 um dos episódios mais lembrados da política de “Terra arrasada” do ditador Efraín Ríos Montt, quando a maioria da população foi encerrada em uma escola e incendiada.
Francisca sobreviveu àquele massacre porque seus pais fugiram para a montanha.
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