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11 de Agosto de 2011 | Notícias | Direitos humanos
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O ex-dirigente indígena equatoriano Ricardo Ulcuango assumiu na terça-feira oficialmente o cargo de embaixador de seu país na Bolívia, com o objetivo de fortalecer a relação entre os dois Estados e especialmente entre suas organizações e movimentos sociais. As principais organizações indígenas equatorianas acusaram Ulcuango de “desleal” e o governo de “divisionista”.
“Devemos consolidar as importantes relações comerciais, econômicas, de cooperação em saúde, educação e consulares” entre o Equador e a Bolívia, “mas muito mais a relação em nível do Estado”, disse Ulcuango no ato oficial de assunção na cidade de Cayambe, a 60 quilômetros da capital Quito.
Destacou a importância também de estreitar os vínculos entre as sociedades dos dois países. “Recebo esta designação com humildade, mas com toda a valentia” para representar o Equador e as diferentes nacionalidades que integram o país, acrescentou conforme a agência EFE.
Ulcuango foi vice-presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE, que reúne todos os povos indígenas) e presidente da Confederação Kichwa desse país (ECUARUNARI). Também foi deputado do Movimento Pachakutik, braço político da CONAIE, e chefe do bloco. Presidiu também o Parlamento Indígena da América.
Nas últimas horas os grupos indígenas têm criticado Ulcuango. No dia 8 de agosto a CONAIE publicou um comunicado de imprensa, em que seu presidente Humberto Cholango rejeita a designação de Ulcuango, chamando-o desleal, acusando o governo de dividir o movimento indígena e alerta o presidente boliviano Evo Morales de que o novo embaixador não representa a esse movimento.
“Ricardo Ulcuango não conta com nosso aval nem apoio. Com esta atitude não representa as lutas dignas e históricas de nossos heróis e mártires, que preferiram morrer antes que se entregarem a interesses alheios aos povos e nacionalidades”, diz o comunicado, conforme o jornal equatoriano El Universo.
Cholango expressa também que “é lamentável que um ex-dirigente do movimento indígena atue para consolidar o plano divisionista que desde o começo este Governo implementa para destruir todo tipo de organização popular no país”.
Para a CONAIE, Ulcuango tem aceitado este cargo ignorando a autoridade política de suas organizações de base. “Além de sua intenção pessoal, que em si mesma é deplorável, o único que demonstra Ulcuango é ter caído nas tentações do poder e ter se transformado num instrumento do Governo”, diz Cholango.
Em entrevista dada a Gama TV, Ulcuango disse que não servirá para uma “divisão” e que as organizações indígenas as que tem representado têm estado lutando para que os governos as incluam nos processos de toma de decisões políticas. “Respeito as opiniões de meus companheiros ]e dirigentes da CONAIE e a ECUARUNARI”, disse, mas esclareceu que não concorda com as acusações que lhe têm feito.
O novo embaixador na Bolívia esclareceu que informou e consultou as organizações indígenas quando foi feita a proposta de trabalho do governo, e lamentou que elas não tenham colocado “muito empenho” para se reunir e analisar essa possibilidade, considerando “prós e contras”. Ulcuango reivindicou seus “princípios ideológicos e gestão de luta sempre a favor dos pobres, dos povos indígenas, das nacionalidades, mas também de outros setores sociais”. Afirmou que continuará essa linha de trabalho e que nunca servirá para que a direita o utilize.
O diplomático disse aceitou o novo cargo pela possibilidade de “viver de perto o processo de mudança que está implementando o presidente Evo Morales apesar das adversidades que existem”. Expressou seu desejo de que o governo boliviano “avance mais para concretização do verdadeiro Estado Plurinacional”.
Finalmente, Ulcuango destacou as “afinidades” entre os governos de Morales e Correa. Afirmou que pediram-lhe que se “consolide a integração cultural, política e comercial”, mas também a “integração entre a sociedade civil, os povos indígenas” dos dois países. Neste sentido, o primeiro ponto na agenda do embaixador é a concretização de uma reunião entre os chanceleres para preparar um plano de trabalho.
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