30 de abril de 2014 | Entrevistas | IV Conferencia Especial para la Soberanía Alimentaria | Derechos humanos | Soberanía Alimentaria | Mano a Mano
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Integrante da Associação Nacional de Mulheres Rurais e Indígenas do Chile e da Coordenação Política da Coordenadora Latino-americana de Organizações do Campo (CLOC-Via Campesina), Francisca Rodríguez é referente da campanha mundial pelo resgate das sementes crioulas, camponesas e nativas que inclui a denúncia de várias corporações transnacionais por sua política de legislação privatizadora da biodiversidade.
Em entrevista com Rádio Mundo Real, ela analisou a grande vitória dos movimentos sociais chilenos, que após cinco años de luta, conseguiram tirar da agenda parlamentar a chamada “Lei Monsanto” que incorporava a regulamentação da União Internacional para a Proteção de Obtenções Vegetais (UPOV 91) e criminalizava a multiplicação de sementes crioulas e nativas, abrindo assim caminho ainda mais para a introdução de cultivos transgênicos para consumo interno nesse país do Cone Sul americano.
Francisca “Pancha” Rodríguez descreveu as circunstâncias pelas quais obteve-se compromiso político da atual presidenta do Chile, Michelle Bachelet, para não aprovar o projeto que já contava com meia sanção no Parlamento.
Afirmou também que dentro do Chile, a norma contou com o apoio de algumas organizações do campo, embora hoje a correlação de forças no país tenha mudado e a demanda camponesa, junto com uma grande gama de movimentos locais e redes internacionais, finalmente acabou vencendo. “Pancha” destacou que nos quatro anos de governo de direita no Chile, de Sebastián Piñera, não houve mesa de negociação com os movimentos rurais. Esta nova etapa exige reavaliar o diálogo com a administração da “Nova Maioria” liderada por Bachelet, já não para evitar a aprovação desta lei, mas para fazer propostas para defender e promover as sementes camponesas.
IV Conferência Especial pela Soberania Alimentar, no Chile
Em outro trecho da entrevista, a referente chilena fala sobre o que será, no começo de maio, o chamado da Aliança pela Soberania Alimentar dos Povos da América Latina e Caribe, à IV Conferência Especial pela Soberania Alimentar em Santiago do Chile.
O encontro, servirá como espaço de funcionamento para esta articulação e para a preparação da reunião regional dos governos da América Latina e Caribe da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), realizada a cada dois anos.
Nela, que acontece neste que é o Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF-2014) declarado pela FAO, aguardam-se 70 delegados de uma vintena de países, participantes da Aliança, que nasceu precisamente em uma reunião análoga em março de 2012 em Buenos Aires.
A Aliança está integrada por redes regionais de organizações camponesas, de mulheres rurais, indígenas, o movimento agroecológico e ambientalista, trabalhadores agrícolas, bem como pescadores artesanais e povos ribeirinhos.
Será realizado também um encontro de mulheres, um diálogo sobre pecuária nos marcos da Soberania Alimentar e uma consulta regional rumo à Conferência Regional da FAO onde as organizações, tanto da Aliança quanto da Coordenação de Produtores Familiares do Mercosul (COPROFAM) e outros terão participação, embora as resoluções sejam restritas aos governos membros.
A dirigenta chilena considera que a AIAF “temos que pôr nome e sobrenome” porque a denominação “agricultura familiar”, é uma ”armadilha” conceitual: “Estamos falando de agricultura camponesa e indígena, que tem sido a que gerou a cultura e identidade de nossos povos”.
A Soberania Alimentar e popular é um caminho, conforme Pancha, que os movimentos visam promover na FAO, com o objetivo também de que retome seus objetivos originários, no combate à fome, a distribuição de riquezas e meios de produção rural e pesqueira.
“Queremos que os países da região e do mundo, assumam o que nós movimentos estamos debatendo. A FAO não pode ser um trampolim das grandes empresas, não pode abrir o caminho para a apropriação de terras nem para uma alimentação considerada como comércio”, concluiu Pancha.
Imagen: Rádio Mundo Real
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