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24 de Maio de 2013 | | |

Governos progressistas e integração

Uma análise na Assembleia de Movimentos Sociais rumo à ALBA por Gustavo Codas (Paraguai)

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A primeira vitória eleitoral na Venezuela de Hugo Chávez, marcou a fundação de uma fase favorável à integração regional, que parece se esgotar nos últimos anos e exige, tanto dos governos progressistas quanto dos movimentos sociais, um pensamento planificado da próxima fase que destaque os benefícios desse processo para as maiorias nacionais e não para as empresas transnacionais.

Foi o que disse em sua análise durante a segunda jornada da Assembleia Continental dos Movimentos Sociais rumo à ALBA, o economista e jornalista paraguaio Gustavo Codas, assessor de movimentos sindicais na América Latina e ex-diretor da barragem binacional de Itaipú nomeado pelo ex-presidente Fernando Lugo.

Gustavo Codas refletiu sobre a ação dos poderes fáticos e sobre alguns dos governos “progressistas” da região. Também analisou alguns passos dados em sentido integrador que, como o Conselho de Defesa da União das Nações Sul-americanas (Unasul) podem significar “uma mudança de época”.

As políticas neoliberais e a forma em que elas se continuam como herança estrutural nas economias nacionais foram parte das reflexões do militante paraguaio, que destacou a existência de uma mudança na configuração da dominação imperialista a partir da primeira guerra no Iraque (1991).

Incapacidades das formações políticas neoliberais e uma mudança no mercado mundial com o aumento do preço dos produtos exportáveis pelos países latino-americanos, explicam a emergência de governos progressistas o que significa uma disputa pela renda excedente e a distribuição feita pelas administrações do Estado, beneficiando assim amplos setores das populações.

No entanto, os poderes fáticos continuaram disputando o controle sobre esse processo, pondo em risco assim o esgotamento das experiências de governos alternativos caso não houver um novo pensamento estratégico dentro do qual a mobilização social torna-se indispensável.

Em sua fala de cerca de 30 minutos e que Rádio Mundo Real oferece de forma íntegra, Codas indicou que os passos integradores como ALBA, Mercosul, CELAC ou UNASUL têm melhorado a inserção internacional dos estados nacionais e que também têm sido aproveitados pelas empresas transnacionais que operam no subcontinente.

Gustavo afirma: “Precisamos tirar lições disto. Há um desafio de pensar nestes processos a partir da análise crítica das conquistas, as dificuldades e as particularidades” de cada país e dos diversos setores tendo como norte a necessidade de desmontar a hegemonia norte-americana tanto em termos econômicos, políticos ou militares.

O surgimento da Revolução Bolivariana a partir de 1998 substituiu a “necessidade de uma retaguarda estratégica” como anteriormente havia sido identificada a União Soviética, “gostássemos ou não”, disse Gustavo diante dos cerca de 200 participantes na Escola Nacional Florestan Fernandes em São Paulo, Brasil.

Pensar na próxima etapa

“O grau de dependência não permite uma atuação como se fossemos plenamente independentes”, manifestou e deu alguns exemplos onde EUA vetou intercâmbios comerciais e ainda acordos estratégicos entre países latino-americanos. Como exemplo, indicou que a CELAC tem sua origem em uma reunião na Bahia, Brasil em 2008, quando pela primeira vez em quase dois séculos os países latino-americanos conseguiram se reunir sem a presença de potências estrangeiras, como Estados Unidos ou União Europeia (UE).

Hoje, a CELAC conta com a presidência pro tempore de Cuba, enquanto que a Venezuela tomará posse da condução rotativa do Mercosul em junho próximo.
Para ele é preciso “pensar quem são os sujeitos dessa integração: os governos, as empresas ou outros atores econômicos” e convocou para propor agenda e mobilização sobre a importância dos processos integradores para benefício dos povos.

Codas finalizou sua intervenção com um chamado a pensar na próxima etapa: “precisamos discutir como ir além, aprofundando os processos e fazê-lo com as grandes maiorias das populações de nossos países”.

Foto: F. Stédile (ALBATV)

(CC) 2013 Radio Monde Réel

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