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17 de Dezembro de 2012 | Entrevistas | Apropriação de terras | Anti-neoliberalismo | Lutadores sociais em risco | Soberania alimentar
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A Argentina atravessa una etapa de transformações profundas, que enfrenta o governo de Cristina Fernández com os grandes grupos econômicos do país, que insistem em evitar qualquer forma de democratização (econômica ou midiática) até na questão simbólica em uma tentativa de reformar as estruturas judiciais da enorme nação sul-americana.
Parte dos sinais dessas mudanças foram demonstrados nesta segunda-feira, 17 várias organizações camponesas, mas também urbanas, ambientalistas e de direitos humanos ao se concentrarem na Praça do Congresso, em pleno coração da cidade de Buenos Aires, exigindo a rápida aprovação de uma lei que detenha os constantes desalojamentos de famílias camponesas e indígenas de seus territórios.
Além disso, a demanda foi rejeitando os conteúdos de uma lei de obtentores de variedades vegetais que aprofunda a privatização da vida por parte das grandes empresas de biotecnologia que desenvolvam e patenteiam sementes como parte de seu patrimônio empresarial nos marcos do agronegócio.
“Atualmente, as tentativas de acabar com os privilégios de alguns tanto na questão agrária quanto na concentração das mídias, vemos tudo isso dentro de um só pacote, em uma só intenção”, disse à Rádio Mundo Real Deolinda Carrizo, do Movimento Nacional Camponês Indígena da Argentina (MNCI-CLOC-VC, que estava presente na mobilização.
Dentre as organizações que convocam a mobilização*, que chegaria na tarde até o Ministério de Agricultura, conta com a Frente Popular Darío Santillán e Grain, além de outros coletivos regionais, nacionais, urbanos e rurais.
A escassez de alimentos e suas causas
Na declaração conjunta das organizações convocantes estipula-se que o aumento no preço dos alimentos está vinculado à concentração da terra e portanto à defesa dos territórios e apoios de orçamento para a agricultura camponesa e familiar.
As organizações explicam que essa volatilidade se explica pela “produção e comercialização de alimentos (concentradas) em poucas corporações, que possuem ações especulativas, fazendo com que os preços aumentem continuamente; aumentos que não têm relação com a oferta nem a demanda, nem com custos. Exigimos políticas e recursos econômicos para garantir aos povos o alimento são e diversificado e a produção regional”.
Para isso também exigem uma giro nas políticas nacionais de fomento à agricultura e a pecuária argentinas, destinando a metade do orçamento ao apoio à produção camponesa e familiar e não apenas 5% porcento do orçamento como ocorre atualmente. Para isso, propõem uma perspectiva de soberania alimentar e não de agronegócio cujas expressões mais claras são a soja –que ocupa cerca de 16 milhões de hectares no território argentino- ou a pecuária em curral (ou feed lot).
Para defender seus territórios, as organizações camponesas e das periferias urbanas propõem a pronta aprovação de uma lei (denominada popularmente como “Cristian Ferreyra” em homenagem a um dirigente do Movimento Camponês de Santiago del Estero assassinado precisamente por empresários que pretendiam expulsá-lo de suas terras) que detenha as expulsões por um prazo que permita realizar um relevamento dos camponeses e as diferentes formas de posse da terra existentes na Argentina profunda.
“Os desalojamentos vêm provocando violência e morte em nossos territórios (Ferreyra, Galván, os mortos em Jujuy, Formosa, Tucumán e outros) temos que pará-los já!”, diz o MNCI em seu comunicado.
Deolinda disse que a mobilização em Buenos Aires também se conecta com a proposta que faz o MNCI de “volta ao campo”.
Foto: Mulheres do MNCI, nesta segunda-feira 17 de dezembro na Praça do Congresso, Bs.As., Julian Roqué (@jrmocase)
* As organizações convocantes são:
Movimiento Nacional Campesino Indígena -Vía Campesina; Movimiento campesino de liberacion (MCL); Mesa Provincial organizaciones de productores familiares de la provincia de Buenos Aires (MESA); Frente Nacional Campesino (FNC); Foro de la Agricultura Familiar (FONAF); Asamblea Campesina Indígena del Norte Argentina (ACINA); Los Pibes ; Confederación de Trabajadores de la Economía Popular (CTEP); Red el encuentro; Movimiento Patriótico Revolucionario Quebracho; Frente Popular Darío Santillán; Coordinadora de Organizaciones y Movimientos Populares de Argentina (COMPA); Fundación “Che Pibe”; Frente Amplio para una Nueva Agronomía (FANA); la Cátedra Libre de Soberanía Alimentaria de la Universidad Nacional de La Plata; Coordinadora de Organizaciones Campesinas, Indígenas y de Trabajadores Rurales de Argentina (COCITRA-CLOC-VC); Acción por la Biodiversidad e Grain.
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