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23 de Julho de 2012 | | | | |

Não mais mortes

Agrava-se situação de ordem pública no departamento colombiano de Cauca

A complexidade dos acontecimentos atuais no departamento de Cauca, na Colômbia, tem “uma história de abandono, de injustiça, de ausência do Estado, e a resposta dos últimos governos tem sido fortalecer a Força Pública e não dar uma resposta à problemática social”.

Foi o que disse à Rádio Mundo Real, o dirigente Rafael Coicue, da Associação de Cabildos Indígenas do Norte de Cauca (ACIN). A localização estratégica do departamento para ter acesso a Amazônia, ao Pacífico, ao centro do país, transforma essa zona em uma área em disputa, com um conflito armado que tem no Plano de Consolidação Integral uma das expressões de colonialismo que atinge a população, acrescentou.

Coicue foi entrevistado na quinta-feira passada pelo correspondente da Rádio Mundo Real na Colômbia, Danilo Urrea, na praça de Bolívar da capital colombiana, Bogotá, onde foi feita uma jornada de solidariedade com o Cauca, paralela a uma manifestação pelo direito à saúde chamada “a marcha branca”.

Depois de vários dias dos levantamentos indígenas no Norte do Cauca, a tensão na região se agrava, indicou a Danilo por sua vez, o dirigente Ricardo Rojas, também da ACIN. “A situação continua sendo altamente crítica, toda vez que os atores armados têm recrudescido e aumentado a presença dos ativos militares, tanto as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) como o Exército”, manifestou Rojas, “As decisões do governo nacional são uma saída de guerra militarista e as FARC insistem em pôr em jogo a acumulação militar que possuem nesta zona e pressionar para uma saída negociada ao conflito, mas pela via militar", acrescentou.

Durante a última semana os indígenas do Norte do Cauca chegaram ao Cerro de Berlín, lugar sagrado para as comunidades, para exigir a retirada da presença militar na zona, ao tempo que pediram à guerrilha das FARC que abandone seus territórios. Os indígenas afirmaram que se cansaram da guerra, de tantos mortos, feridos, ameaças, perseguições e disseram “NÃO MAIS”. Argumentaram que não querem que nenhum ator de guerra esteja em seus territórios porque são zonas de vida, de paz, de harmonia e equilíbrio com a Mãe Terra.

A complexidade da situação agravou-se nos últimos dois dias após a morte do guarda indígena Fabián Güetio, que a mídia massiva colombiana chamou de “fato confuso”. No entanto, como explicou Coicue, “a Força Pública reconheceu que foram eles, ontem na Assembleia pública no município de Caldono um soldado reconheceu que atirou neste jovem”. Familiares de Güetio e dirigentes indígenas da zona advertiram que o guarda foi assassinado pelo Exército a sangue frio.

A mídia colombiana também indicaram que chegou-se a um acordo entre o governo e as comunidades para que os indígenas abandonassem os lugares recuperados. Porém, Rojas expressou que "não tem se chegado a um processo formal de diálogo, há aproximações entre o Ministério do Interior e uma delegação da ACIN e do CRIC (Conselho Regional Indígena do Cauca), mas são apenas conversações preliminares”. “(...) A decisão da ACIN especialmente é continuar com a Minga Territorial de Resistência, de tirar os atores armados até que possa se abrir um processo de negociação política em nível nacional. [...] Não houve acordos, existem aproximações para iniciar um diálogo firme, mas até não haver vontade clara do governo nacional não se entra em processo de diálogo ou negociação", acrescentou Rojas.

Na conversa com Rádio Mundo Real, os integrantes da ACIN indicaram também que o que está por trás da crise no Cauca não é uma luta entre indígenas e Exército, e sim um conflito frontal pelos recursos naturais, e que o Estado tem a decisão firme de entregar esses recursos às grandes corporações transnacionais. O movimento indígena está disposto a defender não somente os territórios como os recursos que ali existem, porque são patrimônio da nação e não só dos indígenas, segundo ele.

A ACIN e o CRIC exigem uma solução política e pacífica ao conflito armado, e chamam a unir “forças, mãos e corações” para uma realizar uma saída negociada, em defesa da vida e dos processos dos povos.

Foto: http://www.aporrea.org

(CC) 2012 Radio Monde Réel

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